Ex-secretária
diz que suas declarações estão sob sigilo, mas acredita que pode haver novos
avanços na Lava-Jato
Karina Somaggio foi intimada pouco depois do vazamento das delações de Delcídio do Amaral, em março (Foto: Erick Vizoki)
Erick Vizoki
Fernanda
Karina Somaggio, uma das principais testemunhas do escândalo do ‘Mensalão’ em
2005, prestou novo depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira (21/07),
na sede da Superintendência Regional da instituição em São Paulo. Ela foi
intimada no dia 31 de março deste ano após o vazamento das delações feitas pelo
ex-senador e ex-líder do PT no Senado, Delcídio do Amaral, em meados daquele
mês.
O
depoimento, que começou às 14h, durou cerca de três horas. Segundo a
ex-secretária do ex-empresário e publicitário Marcos Valério de Souza, foram
feitas a ela praticamente as mesmas perguntas de onze anos atrás, quando
prestou depoimento à Polícia Federal e à CPI dos Correios. Fernanda Karina
disse, em off, que mesmo assim novas
informações envolvendo políticos do alto escalão ligados ao ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva poderão entrar definitivamente nos inquéritos que serão
incluídos na investigação da Operação Lava-Jato. “Mas no final tive que assinar
um documento de confidencialidade. Pediram para eu não falar com ninguém para
não interferir nas apurações”, esclareceu. Apesar do sigilo, é possível que a
ex-secretária tenha sido intimada para confirmar as declarações de Delcídio do
Amaral, reforçar suas denúncias e levar novos indícios do envolvimento de Lula
e aliados no escândalo do ‘Petrolão’, desdobramento do ‘Mensalão’ que culminou
na Operação Lava-Jato.
Em
entrevista ao Bloki do Vizog, publicada em 30 de junho, Karina
afirmou que desde que entrou na SMP&B, “Petrobras, BNDES eram sempre
citados em quase todas as negociatas”.
Karina
foi secretária direta de Valério na agência de publicidade SMP&B e
responsável pela assessoria integral da agenda
do ex-patrão, além de principal interlocutora entre o publicitário e diversos
políticos da cúpula do governo Lula e empresários. Ela ganhou fama nacional e
internacional após denunciar, em entrevista histórica para a revista IstoÉ Dinheiro, em junho de 2005, os meandros e
detalhes do maior escândalo de corrupção que se teve notícia até então no
Brasil, o ‘Mensalão’.
Com
as denúncias na imprensa e depoimento na CPI dos Correios, o País soube que
Valério era o operador do esquema de pagamento e recebimento de altas somas em
propina para diversos políticos ligados à cúpula do governo e de partidos da
base governista. Eram eles o Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Popular
Socialista (PPS), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido da República
(PR), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Republicano Progressista
(PRP) e Partido Progressista (PP). O
episódio levou o Ministério Público a entrar com a ação penal nº 470 no Supremo
Tribunal Federal. A imprensa passou a chamar o esquema de pagamento de propinas
de “valerioduto”.
Desde
janeiro deste ano, Marcos Valério, condenado a 37 anos de prisão, tenta um
acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato. Mais recentemente, ele entregou ao Ministério Público do Estado
de Minas Gerais (MP-MG) uma proposta de colaboração para revelar novos detalhes
sobre os escândalos do mensalão do PSDB e do PT.
Em entrevista ao
jornal Zero Hora, em 28 de março deste
ano, Karina disse que Delcídio do Amaral reafirmou tudo o que ela havia declarado
há onze anos, quando depôs na CPI dos Correios. A publicação informa, ainda,
que ela “surge como potencial testemunha da Lava-Jato”.
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