sexta-feira, 22 de julho de 2016

Karina Somaggio presta depoimento á PF em São Paulo

Ex-secretária diz que suas declarações estão sob sigilo, mas acredita que pode haver novos avanços na Lava-Jato



Karina Somaggio foi intimada pouco depois do vazamento das delações de Delcídio do Amaral, em março (Foto: Erick Vizoki)


Erick Vizoki
Fernanda Karina Somaggio, uma das principais testemunhas do escândalo do ‘Mensalão’ em 2005, prestou novo depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira (21/07), na sede da Superintendência Regional da instituição em São Paulo. Ela foi intimada no dia 31 de março deste ano após o vazamento das delações feitas pelo ex-senador e ex-líder do PT no Senado, Delcídio do Amaral, em meados daquele mês.
O depoimento, que começou às 14h, durou cerca de três horas. Segundo a ex-secretária do ex-empresário e publicitário Marcos Valério de Souza, foram feitas a ela praticamente as mesmas perguntas de onze anos atrás, quando prestou depoimento à Polícia Federal e à CPI dos Correios. Fernanda Karina disse, em off, que mesmo assim novas informações envolvendo políticos do alto escalão ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderão entrar definitivamente nos inquéritos que serão incluídos na investigação da Operação Lava-Jato. “Mas no final tive que assinar um documento de confidencialidade. Pediram para eu não falar com ninguém para não interferir nas apurações”, esclareceu. Apesar do sigilo, é possível que a ex-secretária tenha sido intimada para confirmar as declarações de Delcídio do Amaral, reforçar suas denúncias e levar novos indícios do envolvimento de Lula e aliados no escândalo do ‘Petrolão’, desdobramento do ‘Mensalão’ que culminou na Operação Lava-Jato.
Em entrevista ao Bloki do Vizog, publicada em 30 de junho, Karina afirmou que desde que entrou na SMP&B, “Petrobras, BNDES eram sempre citados em quase todas as negociatas”.
Karina foi secretária direta de Valério na agência de publicidade SMP&B e responsável pela assessoria integral da agenda do ex-patrão, além de principal interlocutora entre o publicitário e diversos políticos da cúpula do governo Lula e empresários. Ela ganhou fama nacional e internacional após denunciar, em entrevista histórica para a revista IstoÉ Dinheiro, em junho de 2005, os meandros e detalhes do maior escândalo de corrupção que se teve notícia até então no Brasil, o ‘Mensalão’.
Com as denúncias na imprensa e depoimento na CPI dos Correios, o País soube que Valério era o operador do esquema de pagamento e recebimento de altas somas em propina para diversos políticos ligados à cúpula do governo e de partidos da base governista. Eram eles o Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Popular Socialista (PPS), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido da República (PR), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Republicano Progressista (PRP) e Partido Progressista (PP).  O episódio levou o Ministério Público a entrar com a ação penal nº 470 no Supremo Tribunal Federal. A imprensa passou a chamar o esquema de pagamento de propinas de “valerioduto”.
Desde janeiro deste ano, Marcos Valério, condenado a 37 anos de prisão, tenta um acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato. Mais recentemente, ele entregou ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MP-MG) uma proposta de colaboração para revelar novos detalhes sobre os escândalos do mensalão do PSDB e do PT.
Em entrevista ao jornal Zero Hora, em 28 de março deste ano, Karina disse que Delcídio do Amaral reafirmou tudo o que ela havia declarado há onze anos, quando depôs na CPI dos Correios. A publicação informa, ainda, que ela “surge como potencial testemunha da Lava-Jato”.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Após onze anos, Karina Somaggio, principal testemunha do mensalão, comenta resultados da Lava-Jato

Pré-candidata a vereadora, a ex-secretária prestará novo depoimento à Polícia Federal em julho
Foto tirada durante uma vernissage, no dia 26/05/2016, dois antes da morte do gorila Harambe, em um zoológico dos EUA, em 28/05. A onça Juma foi morta por soldados do exército no dia 20/06, durante a passagem da Tocha Olímpica, em Manaus. Premonição? (Foto: Arquivo pessoal)

 Erick Vizoki
Denúncias envolvendo “pesos pesados” da política nacional, desde pequenos parlamentares até presidentes da República, além de empresários poderosos e funcionários ligados a órgãos públicos, desenham um quadro que, apesar de nefasto, revelam uma sensação de civismo que aos poucos vem seduzindo os corações do povo brasileiro. Isso porque essas denúncias têm partido justamente de onde os barões da corrupção menos esperavam: do próprio povo, pessoas comuns, trabalhadoras e principais vítimas do descaso e escárnio protagonizados pelos corruptos.
Entre esses nomes, um se destacou há onze anos ao testemunhar e citar nomes do alto escalão governista, ainda na gestão presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, no episódio que entrou para a história recente do Brasil como “Escândalo do Mensalão”.
Em 22 de junho de 2005, a revista IstoÉ Dinheiro publicou uma explosiva e histórica entrevista com Fernanda Karina Ramos Somaggio, então secretária do publicitário Marcos Valério de Souza, um dos donos da agência de publicidade SMP&B,  quando revelou um escandaloso esquema de pagamento de altos valores em propinas para diversos políticos ligados à cúpula do governo e de partidos da base governista. Eram eles o Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Popular Socialista (PPS), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido da República (PR), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Republicano Progressista (PRP) e Partido Progressista (PP). A entrevista acabou confirmando as denúncias feitas anteriormente pelo então deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, até aquele momento sem provas concretas de suas delações.
O episódio levou o Ministério Público a entrar com a ação penal nº 470 no Supremo Tribunal Federal. A imprensa passou a chamar o esquema de pagamento de propinas de “valerioduto”. Cerca de onze anos depois, o apelido mostrou-se quase profético com a deflagração da Operação Lava-Jato, onde os dutos da maior estatal brasileira, a Petrobras, passaram a jorrar tanto dinheiro sujo para as contas de políticos e empresários quanto petróleo.
Fernanda Karina Somaggio durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou as denúncias de corrupção nos Correios em 2005. (Foto: Valter Campanato/Agencia Brasil)
Após as denúncias para a IstoÉ, Karina Somaggio foi chamada para depor na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, quando citou nomes, locais e quantias por cerca de 18 horas, inclusive entregando sua agenda pessoal, com inúmeras anotações de seu chefe. Na época, o Ministério Público não considerou tais provas contundentes, posição que foi revista e comprovada aos poucos durante as investigações e que finalmente culminaram em outro escândalo muito maior, que acabou ficando conhecido como “Petrolão”.
A coragem e heroísmo de Karina Somaggio colocou o Poder Judiciário em rota de colisão com as classes políticas e empresariais corruptas, o que culminou com a prisão de nomes poderosos da República, como o ex-ministro Chefe da Casa Civil do ex-presidente Lula, José Dirceu (PT), o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT) e José Genoíno e Delúbio Soares, ex-presidente e ex-tesoureiro, respectivamente, do Partido dos Trabalhadores.
Mas os holofotes sobre a ex-secretária de Marcos Valério lhe trouxeram mais problemas do que reconhecimento. Após sofrer vários processos de acusação por parte do ex-patrão, todos ganhos, Karina negou uma proposta feita pela revista Playboy, no valor de R$ 2 milhões e foi candidata a deputada federal pelo PMDB de São Paulo em 2006, quando conseguiu arrecadar cerca de 2 mil votos e não foi eleita.
Na mesma época em que seu ex-marido pediu divórcio, seu pai foi assassinado em um assalto, se viu desempregada e sofreu perseguição política. Com o psicológico abalado, foi obrigada a sair de sua cidade e recomeçar do zero, ao lado de sua família como dona de casa e dedicando-se ao ativismo animal.
No próximo mês de julho, Karina deverá prestar novo depoimento à Polícia Federal, em São Paulo, em virtude das denúncias, em delação premiada, do ex-líder do PT no senado, Delcídio do Amaral. Em entrevista ao jornal ZeroHora, em 28 de março, Karina Somaggio reafirma que “o que Delcídio fala é exatamente o que falei”. A PF a intimou no dia 31 daquele mês e, no novo depoimento, novas informações, desta vez em relação à Lava-Jato, devem surgir e ganhar a mídia.
Nesta entrevista, Karina Somaggio conta o que mudou em sua vida após as denúncias de 2005, avalia a atuação da Justiça na Operação Lava-Jato e as repercussões de sua iniciativa há onze anos que podem culminar na prisão do ex-presidente Lula e no afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff.
Ela também diz que pode ser candidata a uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo pelo PTN (Partido Trabalhista Nacional) e conta como se tornou uma dedicada ativista das causas animal, ambiental e vegana, fazendo parte, como secretária-geral, do Santuário Terra dos Bichos, no interior de São Paulo.



Karina com um dos vários animais recolhidos e tratados pelo Santuário Terra dos Bichos. (Foto: Arquivo pessoal)


Após onze anos, em outro escândalo ainda maior que o Mensalão, pela primeira vez Lula está na berlinda e pode até mesmo receber voz de prisão. Na época de sua entrevista à IstoÉ Dinheiro, você afirmou que sempre foi eleitora do PT e que fez as denúncias por patriotismo. Como você se sente agora, com o andamento e descobertas da Operação Lava-Jato?
Me sinto como qualquer outro brasileiro, decepcionada e indignada com a situação em que está nosso País. Um país extremamente rico, mas que foi roubado descaradamente por pessoas sem caráter e loucas por poder.
Fui eleitora do Lula, sim, pois vim de uma geração onde o PT e Lula eram a esperança como representantes do povo trabalhador e honesto, coisa não se concretizou diante de sua sede por poder. Como diz o velho ditado: “Dê-lhes o poder e lhes mostrarão quem são”.

Autoridades políticas, até então consideradas intocáveis, como José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, entre outros, foram condenados e presos em consequência de suas denúncias. Você considera que a justiça foi ou está finalmente sendo feita?
A justiça, sim, está sendo feita, mas esta justiça tem que ser para todos, sem exceções e dura com todos os corruptos. Nosso País não aguenta mais a corrupção, seja em qual instância ela se apresente. A classe média não aguenta mais pagar a conta de regalias de pseudorrepresentantes, haja vista a qualidade dos deputados federais na ocasião da votação do impeachment. A maioria não representa o cidadão de bem que luta diariamente para pagar duplicado por educação, saúde, segurança e tudo mais. Acabou. A mão da justiça tem que ser forte, seja para quem for. Só assim, corrupto e corruptor devem ser punidos com rigor da Lei.

Recentemente, Conceição Andrade, ex-funcionária da Odebrecht, apresentou uma lista com cerca de 500 nomes de políticos e autoridades que recebiam propinas da empreiteira. Você acredita que atitudes como a dela podem ter inspiração em suas denúncias sobre o Mensalão e que podem ajudar a passar o Brasil a limpo?
Minha inspiração veio por ter sido criada em uma família de professores, onde ser íntegra e honesta é raiz forte. No caso da Conceição, espero que tenha sido por motivos tão fortes quanto os meus e não por medo de ser processada.

Há rumores de que Marcos Valério pode voltar a propor ao Judiciário uma nova delação premiada. Você acha que podem existir informações de fatos ou suspeitas, acerca do Mensalão, que ainda não foram apurados ou adequadamente apurados? Acha que passou alguma coisa? Marcos Valério poderia, realmente, ter algo mais a dizer?
Tenho certeza absoluta que o Marcos tem muitas coisas ainda a falar. Só ainda não falou porque não chegou a hora, talvez.

Dentre os diversos nomes envolvidos no escândalo do Petrolão, alguns já estavam envolvidos com o Mensalão, como o próprio José Dirceu. Você chegou a ouvir, quando ainda trabalhava para Marcos Valério, alguma menção à Petrobras?
Desde que entrei na SMP&B, Petrobras, BNDES eram sempre citados em quase todas as negociatas.

Depois das denúncias à IstoÉ Dinheiro, você praticamente virou uma celebridade instantânea, chegando até a ser sondada pela revista Playboy e tentou a carreira política. Em 2006 você se candidatou à deputada federal pelo PMDB e, em 2008, tentou a Câmara dos Vereadores de São Paulo, pelo PHS. O que você acha que deu errado nas duas tentativas? Você pensa em tentar novamente?
Quanto ao PMDB, naquela época eu estava extremamente abalada por todas as coisas que havia passado, não conhecia os meandros e os lobos de plantão da política. Fui ameaçada por alguns caciques e no meio da campanha oficial estava muito cansada e sensibilizada. Perder a eleição, naquele momento, foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido naquela época. Quanto a eleição de 2008, fui convidada por amigos para me filiar ao PHS, mas devido a disputas internas do partido, resolvi não concorrer.
Hoje sou filiada ao PTN, onde sei que sou respeitada e onde posso apresentar minhas propostas abertamente e, por esse motivo, hoje sou pré-candidata a vereadora pela cidade de São Paulo. Amo esta cidade e quero vê-la pulsante novamente. Sabemos que nossa cidade está sem a administração que ela merece. Mais uma vez, nossa cidade está à mercê de pessoas que só pensam em poder e nunca na população como um todo.

Pouco tempo depois das denúncias, você passou por muitas dificuldades: se divorciou, seu pai foi assassinado em um assalto, sofreu perseguições através de ações na justiça impetradas por Marcos Valério, teve dificuldades em conseguir trabalho. Como conseguiu superar tantos problemas?
Vejo esses fatos como crescimento. Sou uma pessoa muito espiritualista, acredito que quando pulsamos Amor, recebemos Amor em troca. Para passar por tudo isso, me retirei por cinco anos em um sítio na cidade de São Roque, interior de São Paulo, para poder organizar todos os meus sentimentos e pensamentos, curar minha feridas e voltar ao que mais amo nesse mundo que é a causa animal, trabalhos de sustentabilidade ambiental e ajudar as mulheres que necessitam se reposicionarem como Mulher (em letras maiúsculas). Quando ajudamos, nós também somos ajudados e aprendemos com as dores dos outros, curamos as nossas e meu processo foi esse. Hoje sou ativista na causa da libertação animal, tentando amenizar o sofrimento de tantos animais que são explorados e maltratados diariamente. Por isso trabalho na Ong Santuário Terra dos Bichos, instituição que acolhe cerca de 500 animais vítimas de maus tratos e exploração. Um trabalho lindo que é feito por mulheres guerreiras. Juntos podemos mudar a realidade de nossa cidade, é só querermos. Isso é amadurecimento polítco.

Mesmo com uma formação que inclui ter morado no exterior, você teve dificuldades em encontrar um novo emprego. Você credita essa dificuldade à sua postura em relação à corrupção? Acha que por causa das denúncias as pessoas perderam a confiança em você?
Como as pessoas podem perder a confiança sendo que não me conhecem?
Acho sim, que houve um preconceito, mas isso é coisa do passado, sei que tenho qualificações administrativas que poucos possuem, isso me basta. Se existem pessoas que preferiram não me dar uma chance por esse motivo, é porque também não são confiáveis. Julgamos os outros pelo o que somos, simples assim.

A indignação dos brasileiros em relação à corrupção assumiu, nos últimos meses, proporções nunca antes vistas no País, graças a investigações como os escândalos do Mensalão e Petrolão, com mobilizações que chegam a ser maiores que as Diretas Já, de 1985, e os Caras Pintadas, de 1992, por parte da população. Como você vê isso? Pode caracterizar um amadurecimento do eleitorado?
Acho sinceramente que tudo veio à tona quando a economia começou a se fazer presente no nosso dia a dia, a perda do poder de compra, alta exorbitante dos juros, violência nas ruas etc. As investigações apenas mostraram que aqueles que eram idolatrados por tantos, não eram tão inocentes e nem tão honestos assim. Estopim para que todos se revoltassem. Quanto ao amadurecimento do eleitorado, espero que com as notícias tristes que são exibidas todos os dias nos noticiários, a população finalmente desperte para a política séria sem se vender para os aproveitadores de plantão.
Mas isso, só iremos ter certeza quando saírem os resoltados em outubro próximo.

O que você diria para as pessoas que sabem sobre esquemas ilícitos em seus locais de trabalho, comunidades ou grupos sociais e têm vontade de denunciar, mas não se sentem seguras? Vale a pena?
Sempre vale a pena, não existe nada melhor do que deitar e ter a consciência em paz.
Precisamos sempre denunciar a corrupção, ela é o câncer em nosso país. É ela, a corrupção, que faz com que tantos morram nos hospitais por falta de saúde de qualidade; é ela a responsável por não podermos nos sentir seguros ao andarmos nas ruas; é a corrupção que não deixa que nossas crianças tenham uma educação de qualidade. Afinal, quem estuda sabe cobrar. Se tem educação péssima, vira massa de manobra. Corrupção é isso: jogar todos os nossos direitos no ralo.
Brasileiro é povo batalhador não tem medo de trabalhar, temos tudo para fazer um país melhor, falo mais uma vez.
Se você sabe onde existe corrupção, denuncie. E se não denuncia, vira cúmplice dessa corrupção.
Servidor público é para servir a população e não para extorqui-la.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Karina Somaggio é intimada pela PF e deve contribuir com Lava-Jato

Ex-secretária de Marcos Valério denunciou o escândalo do ‘mensalão’ em 2005

Fernanda Karina Somaggio durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou as denúncias de corrupção nos Correios em 2005. (Foto: Valter Campanato/Agencia Brasil)


Erick Vizoki
Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária do publicitário Marcos Valério de Souza, deverá voltar a ser destaque na mídia. Ela prestará novo depoimento à Polícia Federal, no próximo dia 21 de julho, na sede da Superintendência Regional da instituição em São Paulo. Ela recebeu a intimação no final de março deste ano. É possível que a ex-funcionária de Valério tenha novas informações que ainda não vieram à tona. A intimação pode ser devido aos recentes desdobramentos na Lava Jato e à delação do ex-líder do PT no Senado, Delcídio do Amaral, ocorrida em fevereiro, mas que vazou para a imprensa em março.
Em entrevista ao jornal Zero Hora no mesmo mês, Karina afirmou que o ex-senador reafirmou tudo o que ela havia dito onze anos atrás. A publicação informa, ainda, que ela “surge como potencial testemunha da Lava-Jato”. 
Há exatos onze anos Karina Somaggio ganhou fama nacional e internacional após denunciar, em entrevista histórica para a revista IstoÉ Dinheiro, em junho de 2005, os meandros e detalhes do maior escândalo de corrupção que se teve notícia até então no Brasil, o ‘Mensalão’. Na época, Karina era secretária direta de Marcos Valério na agência de publicidade SMP&B e responsável pela assessoria integral da agenda do ex-patrão, além de principal interlocutora entre o publicitário e diversos políticos do alto escalão do governo Lula e empresários. 
Com as denúncias na imprensa e depoimento na CPI dos Correios, o País soube que Valério era o operador do esquema de pagamento e recebimento de altas somas em propina para diversos políticos ligados à cúpula do governo e de partidos da base governista. Eram eles o Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Popular Socialista (PPS), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido da República (PR), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Republicano Progressista (PRP) e Partido Progressista (PP).  O episódio levou o Ministério Público a entrar com a ação penal nº 470 no Supremo Tribunal Federal. A imprensa passou a chamar o esquema de pagamento de propinas de “valerioduto”. 
Desde janeiro deste ano, Marcos Valério, condenado a 37 anos de prisão, tenta um acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato. Mais recentemente, ele entregou ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MP-MG) uma proposta de colaboração para revelar novos detalhes sobre os escândalos do mensalão do PSDB e do PT. 
Karina Somaggio é atualmente pré-candidata a vereadora em São Paulo pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN).

sexta-feira, 13 de maio de 2016

UM TEXTÃO BEM EXPLICADINHO, NOS SEUS MÍÍÍÍNIMOS DETALHES!




Erick Vizoki
Uma amiga do Facebook me perguntou por que não falo nada sobre a decisão do ministro Gilmar Mendes em suspender, no dia 12/05 (quinta-feira, posse de Michel Temer e de seus ministros) as diligências em inquérito contra Aécio Neves, quando critiquei as manifestações do MST (um dos tentáculos petistas nos movimentos sociais) na praça de pedágio em Laranjeiras do Sul, no Paraná, quando bloqueou a rodovia BR-227 por dois dias (ver vídeo acima). “Aguardo ansiosamente seu textão sobre a suspensão da coleta de provas na investigação sobre o Aécio e termos pelo menos 11 ministros com ocorrências judiciais (Fonte: AgênciaLupa) e a extinção do CGU”, disse ela.
Pois bem, aqui está.
Primeiro, as manifestações contra a extinção da ControladoriaGeral da União, órgão responsável pela transparência, fiscalização e combate á corrupção, aconteceram isoladamente, no Distrito Federal, sem atrapalhar ninguém. A extinção do órgão só interessa a administrações corruptas.
Sobre os ministros de Temer com pendengas judiciais, todos nós sabemos que não só boa parte de seus novos ministros, mas a maioria do Congresso, entre deputados e senadores, incluindo as duas comissões do impeachment, tem contas a acertar com o Judiciário. Só falta você me dizer que os ministros de Dilma e de Lula eram todos santos e honestos. É o velho e ineficiente argumento de “eles também fizeram, então nós também temos o direito de fazer”.
Mas os ministros de Temer assumiram ontem (12/05/2016). Primeiro temos que esperar eles serem acusados e presos, como os ministros petistas, ok?
Quanto a suspensão das diligências sobre Aécio Neves e as suspeitas de recebimento de propina de Furnas, eu também fiquei indignado. Se há alguma suspeita sobre qualquer ator político, seja da agora situação, ou da agora oposição, deve ser investigada e os culpados, punidos.

“Nós e eles”

A diferença entre petistas e não petistas (os tais “nós e eles”, segundo a lógica lulopetista), é que não petistas não são fanáticos e conseguem enxergar além das cortinas vermelhas estendidas pelo PT entre sua militância e o resto do País. Como eu já havia comentado em minha página no Facebook, o PT conseguiu uma façanha inédita na história recente da República Democrática do Brasil: dividi-la em duas, a República Petista e a República Brasileira.
Não é porque não gosto e nunca gostei do PT que defenderei qualquer outro político corrupto, seja de qual partido for. Mas Aécio não é presidente do Brasil e não é ele que está sendo julgado em processo de impeachment. Além disso, nenhum não petista, ou até mesmo "coxinhas", saíram às ruas arrebentando tudo, bloqueando avenidas e estradas, ateando fogo em pneus e lixeiras, agredindo jornalistas, invadindo e depredando estabelecimentos comerciais e agências bancárias cada vez que o presidente do PSDB ou qualquer outro ex-oposicionista é acusado de alguma coisa.
Repito: se ele é acusado, deve ser investigado e, se condenado, punido!!! É assim que a Justiça tem que funcionar. Mas para os petistas, não. Qualquer sombra de suspeita contra eles é injustiça, perseguição política, é golpe. E aí saem espancando outros cidadãos e trabalhadores, numa clara intenção de dividir o País, o que pode caminhar para uma estúpida guerra civil. E todos sabemos que dividir é tática de guerra e de guerrilha. A divisão enfraquece o inimigo. No caso, o suposto inimigo são todos aqueles que discordam dos ideais lulopetistas, ou seja, a maioria do povo brasileiro.
A verdade é que ninguém quer tanto uma ditadura e repressão quanto o PT e a esquerda, pois reside aí sua zona de conforto.
Em um País calmo e equilibrado não há motivos para arruaça, para contestar, reclamar de repressão e perseguição, portanto não há como reivindicar a derrubada de quem está no poder e exigir para si essa posição.
A esquerda e o PT procuram, a todo custo, criar e incentivar um ambiente de constante guerrilha com a claríssima intenção de se colocarem na condição de vítimas e perseguidos. Na falta de argumento melhor, agora dizem repetida e enfadonhamente que estão sendo vítimas de golpe, acreditando (e é o que vai acontecer) que seu argumento entrará para a história. Nos livros que serão exigidos futuramente nas escolas, o termo surgirá para justificar a queda do PT em 2016 e que foram vítimas de repressão e perseguição. É o mesmo que acontece atualmente e há décadas, quando se ensina sobre os regimes socialistas implantados pelo mundo, sobre a extinta e fracassada União Soviética e seus “mártires” como Che Guevara.

Contrassenso

O senador Humberto Costa (PT-PE), ao votar no Senado contra a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, no dia 11/05, disse que o PT não terá complacência com um governo golpista. Podemos concluir que sua afirmação é uma ameaça á ordem pública e á tentativa de recuperar o País economicamente. Disse também que não irá tolerar que se mexa em direitos dos trabalhadores e benefícios sociais. É, no mínimo, um contrassenso e o suprassumo da falácia, uma vez que a própria Dilma mentiu (e tossiu) quanto a isso em sua campanha em 2014 e mexeu em direitos sagrados dos trabalhadores, chegando a bloquear, repentinamente, o seguro-desemprego de centenas de milhares de trabalhadores, sem nenhum aviso, e os deixou em situação bastante delicada e difícil. A alegação foi a de que muitos trabalhadores tinham seus CPF’s ligados a CNPJ’s, ou seja, mentiam para a União e que eram, na verdade empresários. Ou seja, o governo presumiu que, se um trabalhador arrisca-se em um pequeno empreendimento, ele sobreviverá tranquilamente de seu negócio, sem precisar voltar a ser empregado em alguma outra empresa. Não se levou em consideração que o tal pequeno empreendimento poderia não dar certo e o audacioso microempresário acabaria voltando, pobre como antes, ao mercado de trabalho. Isso sim, para mim, É GOLPE!!!

segunda-feira, 18 de abril de 2016

POLÍTICA

Desta vez foi na cabeça!
Erick Vizoki
Aqueles que gostam de assistir aos programas de auditório que ocupam praticamente todo o domingo em diversos canais de TV tiveram que ficar sem eles no último dia 17/04. Mas não se arrependeram. Foram centenas de abraços para esposas, maridos, filhos, netos, amigos, colegas, falecidos, agradecimentos e pedidos de clemência a Deus durante praticamente todo o dia, em diversos canais. E não faltaram também gargalhadas, brincadeiras, choros, tapas e beijos. Teve até cusparada e presenças de artistas como Sérgio Reis, Celso Russomanno e Tiririca.
Não se enganem, não é um novo programa de calouros e gincanas divertidas. A coisa, apesar de não parecer, foi bem séria.
Numa longa e histórica sessão na Câmara dos Deputados, entrou em votação, por volta das 16h daquele dia, a admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O processo, que durou quase 10 horas, foi transmitido pela TV Câmara e retransmitido por várias emissoras, abertas e fechadas, de todo o País.
O resultado foi o esperado pela oposição: 367 votos oposicionistas contra 137 votos governistas, sendo sete abstenções e duas ausências. Eles declararam, em diversas e rápidas entrevistas logo após a votação, que já contavam mesmo com uma votação entre 365 e 367 votos. Mas o resultado ficou bem aquém do esperado na contabilidade governista, o que talvez explique porque o processo de impeachment esteja embasado justamente nas contas do governo, ruim de cálculo.
Se Lula afirmou que a Polícia Federal não acertou a cabeça da jararaca, e sim o rabo, ao chama-lo para depor na Lava Jato, desta vez o golpe foi certeiro na peçonhenta cabeça de Dilma, que deve ter ficado bastante (ou mais) tonta após as 23h47 do domingo, horário em que a sessão foi encerrada. A cacetada fatal foi dada pelo deputado tucano de Pernambuco, Bruno Araújo, cujo voto nº 367 sentenciou Dilma a se entender, agora, com o Senado.
Em 1931, o agente federal norte-americano Eliot Ness colocou na cadeia o perigoso mafioso Al Capone por crimes de sonegação de impostos, ao invés de seus crimes de tráfico de bebidas, drogas e assassinatos. Em 2016 nossa Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário, em eficiente e inédita ação conjunta, começam a dar fim ao esquema criminoso de poder petista através de um simples dispositivo legal, as tais “pedaladas fiscais”. Em resumo, o processo de impeachment em 2016 é tão golpista quanto as promessas de campanha de Dilma em 2014, como não aumentar juros, controlar a inflação e não mexer nas garantias trabalhistas e nos vencimentos dos aposentados e pensionistas. Ou seja, chumbo trocado não dói.
A derrota do governo foi ainda mais vergonhosa porque o petismo acabou provando do próprio veneno, apesar de jararaca não ser venenosa: foi traído por aqueles que tentou comprar, num gesto agonizante para se salvar. Vários parlamentares, convidados por Dilma para adquirirem produtos em sua biboca de quinquilharias, não ficaram satisfeitos com os mimos oferecidos e acabaram voltando atrás, preferindo confiar mais nas centenas de milhares de votos confiados a eles em 2014.
O que o clamor popular exige é justamente isso: o fim de práticas ilícitas, por parte da classe política brasileira em geral, que tem se perpetuado por décadas e livres de punição. O argumento que “se eles fizeram, nós também podemos fazer” já não é mais convincente e muito menos aceitável pelo povo brasileiro.
Tudo bem, é verdade que quase metade do Congresso Nacional também não é nenhum exemplo de probidade e que o cara que presidiu os trabalhos, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nem deveria estar lá, e sim na cadeia. Mas esse é o jogo político, e fiel às características da versão brasileira do clássico jogo de xadrez: nesse tabuleiro vence a malandragem, a velhacaria e quem for mais esperto.
Só esperamos que, se derrubada a rainha, o rei procure fazer jogadas que voltem a civilizar a partida e entreter de maneira positiva a torcida.

sexta-feira, 11 de março de 2016

IMPRENSA

A imprensa defendida por abutres


Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, ligado à CUT do PT, sai em defesa do ex-presidente que considera a imprensa seu maior inimigo. (Foto: SJSP/Reprodução)

Erick Vizoki

Não somos Alices, mas parece que vivemos num Brasil que mais lembra o País das Maravilhas. Um mundo distópico, que beira o surreal.
Não bastasse o bombardeio de mentiras e falácias propagadas pela nossa maravilhosa classe política, agora algumas entidades defensoras da imprensa e de jornalistas embarcaram nesse jogo.
No último dia 10/03, a Globo divulgou, através do Jornal Nacional, uma carta em protesto contra os atos de violência a jornalistas e meios de comunicação. O documento está assinado pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), a Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e o escritório da Unesco no Brasil.
Um trecho que justifica o texto divulgado por essas entidades: “Nos últimos dias, uma sucessão de atos de intimidação e de agressões vem sendo praticada contra jornalistas, no exercício da profissão, e os meios de comunicação. Tais acontecimentos somam-se aos 116 casos de ameaças, intimidações, vandalismos, agressões físicas e homicídios praticados contra os profissionais da imprensa no ano de 2015, e que colocam o país no ranking de quinto local do mundo mais arriscado para o exercício da profissão”.
Tudo muito bom, tudo muito bem, não fosse por um detalhe: A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) não está entre os signatários da carta, assim como seus sindicatos filiados. Mas a matéria divulgada pela Globo citou que a Fenaj, assim como a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) , publicaram nota no mesmo dia, independentemente. Segundo a matéria do Jornal Nacional, a Fenaj “pediu ao Ministério da Justiça que garanta a integridade e o trabalho dos jornalistas com uma orientação às forças policiais para que evitem agressões”. A Fenaj ainda teria reconhecido “o direito de todos os cidadãos de protestar e criticar as instituições do país, inclusive a própria imprensa. E observa que os excessos só interessam aos inimigos da democracia”.

Contradições de quem não poderia se contradizer

Comportamento no mínimo contraditório para uma entidade filiada justamente a um dos grupos que mais agridem jornalistas, que é a CUT (Central Única dos Trabalhadores), tentáculo sindical ligado umbilicalmente ao PT. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo também é filiado à CUT e à Fenaj e declarou, abertamente, apoio ao ex-presidente Lula, o que é, pelo menos em minha opinião, um atentado contra a isenção jornalística. O apoio foi descaradamente publicado no próprio site da entidade sob o título “SJSP apoia frente ampla em defesa de Lula e contra o golpe, convocada pela CUT”.
E as contradições não param por aí. Outro trecho da matéria do Jornal Nacional: “Na última semana, jornalistas da TV Globo e da GloboNews foram agredidos e tiveram equipamentos danificados por militantes petistas. Houve protestos na porta da TV Globo no Rio de Janeiro e em Brasília, promovidos pela CUT. Um grupo jogou ovos e tomates na TV Liberal, afiliada da Globo em Belém. E uma equipe da Band, em Cascavel, no Paraná, foi sequestrada por integrantes do MST. O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), também é outro tentáculo petista, rotulado de “movimento social”. Um dia antes do sequestro no Paraná (08/03), cerca de 70 integrantes do “movimento social” invadiram a sede do Grupo Jaime Câmara, em Goiânia. O prédio abriga, entre outros veículos, a TV Anhanguera (afiliada da Rede Globo em Goiás) a rádio CBN e o jornal O Popular, segundo informa o site do jornal Correio Braziliense.
Pode até parecer que a Globo é a única vítima das facções petistas, mas os atentados contra jornalistas da Band e de diversos veículos impressos mostram o ódio e a repressão à imprensa patrocinados pelo regime lulopetista.
Ironicamente, o partido do governo publicou em seu jornal estatal online, “Brasil 247”, que apenas sete famílias brasileiras controlam 70% da imprensa no País. Só esqueceram de mencionar que entre essas famílias, pelo menos duas são aliados de primeira hora do governo. A família Sarney, no Maranhão, e a família Collor, em Alagoas.
Assim sendo, está ficando cada vez mais difícil saber no que e em quem acreditar. Definitivamente, a Fenaj, ao lado de seu filiado de São Paulo, se mostram dois dos maiores abutres a tentar controlar a imprensa ao invés de defendê-la, em flagrante favorecimento a quem seria seu maior “desafeto”, o próprio Lula!

“Mas os poços da fantasia acabam sempre por secar e o contador de histórias, cansado tentou escapar como podia: o resto amanhã... Já é amanhã”. (Lewis Carol, em “Alice no País das Maravilhas”)