Erick
Vizoki
Há muito tempo que
defendo uma tese, talvez um tanto ingênua, mas acreditem: faz sentido.
Com o fim da ditadura
militar, em 1985, e com a promulgação da Constituição de 1988, esse pessoal da
guerrilha, os comunistas, os partidos clandestinos de esquerda, caíram no
marasmo e ostracismo. Simplesmente suas atividades perdiam, então, o sentido.
Com suas extensas fichas criminais, as chances de trabalho e emprego para esse pessoal, boa parte
com formação em sociologia, a profissão preferida dos simpatizantes da
"esquerda", eram praticamente nulas. A ideia, então, era muito
simples: ocupar o vácuo deixado pelos ditadores da direita. Como?
Trabalhei por quase dez
anos no meio sindical e, de cara, percebi que a absoluta maioria dos
sindicalistas (os da nova e velha guarda) passou a contratar assessores e
incluir em sua diretoria esses elementos que viveram do terrorismo e da criminalidade
nos últimos 25 anos, na época, em nome da "democracia".
Com o discurso de heróis e salvadores da pátria, ganharam a simpatia da
juventude que acabava de chegar e que não tinha uma ideia mais aprofundada do
que acontecera na época em que eles ainda eram apenas crianças.
Posso dizer que quase fui hipnotizado pelos discursos apaixonados sobre Che
Guevara e Karl Marx na minha adolescência. Quase comprei uma daquelas nefastas camisetas com a
estampa do argentino de boina. Mas, felizmente, optei por diversificar minha
leitura e sempre procurar me informar mais a respeito, o que foi importante para eu aprender a raciocinar por conta própria e tirar minhas próprias conclusões. Os discursos fanáticos de professores de história que me deram aula no colégio nos últimos anos da ditadura não foram suficientes para me influenciar.
Enfim, essas figuras que estão aí hoje, por não terem mais a quem combater e
habituados a assaltos, golpes, difamações, explosões, assassinatos, incêndios, sequestros etc, encontraram outras vítimas: a população, os trabalhadores e... ELES
PRÓPRIOS!!!! Como numa disputa de paintball, os "companheiros"
passaram a combater entre eles mesmos e disputar as benesses que o poder pode
oferecer. Nesse caso, às favas os antigos “companheiros”. Leva a bolada
quem chegar primeiro.
Presenciei disputas sindicais que invariavelmente acabavam em assassinatos. Vi sindicalistas veteranos vendendo os direitos dos trabalhadores e furando
greves que eles mesmos tinham aprovado em assembleias de trabalhadores. Tudo isso em nome do dinheiro e do poder. E fui
perseguido dentro de um sindicato quando tentei denunciar isso.
A fome de poder dessa gente dita "de esquerda" só é menor que sua
fome por dinheiro, essa é a mais pura verdade. Não falo isso tudo sem
conhecimento de causa. Falo como testemunha ocular.
Nas eleições dos últimos 30 anos todos os candidatos, sem
exceção, se autoproclamam arautos da mudança. O que há de sangue novo na política, na verdade, surgiu por influência
de seus pais, avôs e parentes, políticos profissionais, ou pela lavagem
cerebral feita nas constantes e intermináveis reuniões partidárias, cujo
princípio nas discussões é assustadoramente simples: repetir uma mentira
insistentemente até que se torne uma verdade irrefutável para os mais influenciáveis. Ou, na melhor
das hipóteses, ignorar outras verdades mais constrangedoras.
É por isso tudo que fico triste e desiludido em não conseguir confiar em
praticamente nenhum político, em nenhum candidato. Por melhor
intencionado que um deles seja, ele nunca conseguirá autonomia, pois estará
sujeito às sanções de seus pares dentro de seu partido. É como governar sem ter
maioria no Legislativo. Não rola. A menos que se torne uma nova grande liderança.
Espero mesmo que eu esteja enganado em minha funesta visão dos rumos que nosso
Brasil está tomando. Espero mesmo.
Sindicalistas
do crime
Eis aí um bom exemplo.
Conheci o sujeito da matéria a seguir, trabalhei muitos anos com ele. Na época desse
episódio eu estava morando em Minas Gerais e já não tinha contato com o dito cujo há
muito tempo. O sr. Marcos Cará era um velho ativista do MR-8 (Movimento
Revolucionário 8 de Outubro), partido clandestino criado na época da ditadura. Trabalhava como assessor do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Paulo, na época presidido ainda pelo Joaquinzão (Joaquim
dos Santos Andrade) e sucedido por Luiz Antônio de Medeiros. Marcos Cará foi um
dos articuladores da criação da central sindical Força Sindical, que seria
então presidido por Medeiros e sucedido por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho
da Força, hoje deputado federal e candidato à reeleição. Curiosamente, esses
veteranos militantes de “esquerda” foram pedir, e ganharam, o apoio de ninguém
menos que o ex-presidente Fernando Collor de Mello, um expressivo representante da direita alagoana, para conseguir fundar a central sindical de Medeiros.
Estão acompanhando? E
qual o motivo de uma aliança aparentemente sem pé nem cabeça como essa?
Simples: Collor e Lula tinham acabado de sair de uma agressiva campanha
eleitoral, onde Collor sagrou-se presidente da República, e a CUT (Central
Única dos Trabalhadores), comandada pelo PT de Lula, mobilizava-se e vociferava contra seu
governo. A saída era criar uma nova central que fizesse frente a esse grande
incômodo. Assim, pessoas que estavam do mesmo lado antes (na luta contra a
ditadura e pela redemocratização), agora brigavam entre si por um quinhão de
poder.
A propósito, essas mesmas pessoas que se empenharam em fundar a Força Sindical, mais tarde foram apoiar Lula em 2002.
Muito bem, assistam a
matéria a seguir, clicando na imagem, e vocês entenderão.
Toda essa experiência me
afastou ainda mais de qualquer possibilidade de confiar na esquerda, e a
duvidar profundamente da seriedade do socialismo, do comunismo. Pelo menos de
seus representantes brasileiros. Em 2010 eu estava novamente em Minas Gerais,
quando fui surpreendido por uma edição da revista Veja. Ela trazia na capa uma
chamada com a foto de um outro velho conhecido dos bastidores do sindicalismo: Wagner Cinchetto. Não perdi
tempo e decidi escrever um artigo em meu blog e desmascarar o sujeito. Eu também o conheci, trabalhamos juntos e ele e Cará eram amigos inseparáveis.
Minha conclusão é que os
fantasiosos e utópicos discursos da militância esquerdista, ou são pura
ingenuidade, ou um ópio verborrágico para tentar garantir não só uma “boquinha”
no estado, mas também ter à sua disposição um exército de zumbis que acreditam
na embolorada balela de uma sociedade igualitária, com justiça plena,
distribuição de riqueza e direitos iguais para todos.
Se alguém me apontar um único exemplo de uma
sociedade tão perfeita, regida pelo socialismo, talvez eu volte atrás em minhas
considerações.
*Este texto, um desabafo escrito e publicado originalmente em minha página no Facebook após ter assistido a entrevista que Luciana Genro, candidata à presidência da República pelo Psol, concedeu ao apresentador e humorista Danilo Gentilli no programa The Noite e após ler os inúmeros comentários a respeito nas redes sociais.
Entre os comentários sobre o posicionamento de Luciana, que disse que Danilo Gentlli precisava estudar mais, um é realmente excepcional. É um artigo publicado no site do Instituto Liberal e assinado por Flavio Morgenstem, sob o título "Carta Aberta a Luciana Genro". É longo, mas vale a pena ler.
Nenhum comentário:
Postar um comentário