quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Um novo inimigo ou mudança de lado?*

Erick Vizoki
Há muito tempo que defendo uma tese, talvez um tanto ingênua, mas acreditem: faz sentido.
Com o fim da ditadura militar, em 1985, e com a promulgação da Constituição de 1988, esse pessoal da guerrilha, os comunistas, os partidos clandestinos de esquerda, caíram no marasmo e ostracismo. Simplesmente suas atividades perdiam, então, o sentido. Com suas extensas fichas criminais, as chances de trabalho e emprego para esse pessoal, boa parte com formação em sociologia, a profissão preferida dos simpatizantes da "esquerda", eram praticamente nulas. A ideia, então, era muito simples: ocupar o vácuo deixado pelos ditadores da direita. Como? 
Trabalhei por quase dez anos no meio sindical e, de cara, percebi que a absoluta maioria dos sindicalistas (os da nova e velha guarda) passou a contratar assessores e incluir em sua diretoria esses elementos que viveram do terrorismo e da criminalidade nos últimos 25 anos, na época, em nome da "democracia". 

Com o discurso de heróis e salvadores da pátria, ganharam a simpatia da juventude que acabava de chegar e que não tinha uma ideia mais aprofundada do que acontecera na época em que eles ainda eram apenas crianças. 

Posso dizer que quase fui hipnotizado pelos discursos apaixonados sobre Che Guevara e Karl Marx na minha adolescência. Quase comprei uma daquelas nefastas camisetas com a estampa do argentino de boina. Mas, felizmente, optei por diversificar minha leitura e sempre procurar me informar mais a respeito, o que foi importante para eu aprender a raciocinar por conta própria e tirar minhas próprias conclusões. Os discursos fanáticos de professores de história que me deram aula no colégio nos últimos anos da ditadura não foram suficientes para me influenciar.

Enfim, essas figuras que estão aí hoje, por não terem mais a quem combater e habituados a assaltos, golpes, difamações, explosões, assassinatos, incêndios, sequestros etc, encontraram outras vítimas: a população, os trabalhadores e... ELES PRÓPRIOS!!!! Como numa disputa de paintball, os "companheiros" passaram a combater entre eles mesmos e disputar as benesses que o poder pode oferecer. Nesse caso, às favas os antigos “companheiros”. Leva a bolada quem chegar primeiro.
Presenciei disputas sindicais que invariavelmente acabavam em assassinatos. Vi sindicalistas veteranos vendendo os direitos dos trabalhadores e furando greves que eles mesmos tinham aprovado em assembleias de trabalhadores. Tudo isso em nome do dinheiro e do poder. E fui perseguido dentro de um sindicato quando tentei denunciar isso.
A fome de poder dessa gente dita "de esquerda" só é menor que sua fome por dinheiro, essa é a mais pura verdade. Não falo isso tudo sem conhecimento de causa. Falo como testemunha ocular.
Nas eleições dos últimos 30 anos todos os candidatos, sem exceção, se autoproclamam arautos da mudança. O que há de sangue novo na política, na verdade, surgiu por influência de seus pais, avôs e parentes, políticos profissionais, ou pela lavagem cerebral feita nas constantes e intermináveis reuniões partidárias, cujo princípio nas discussões é assustadoramente simples: repetir uma mentira insistentemente até que se torne uma verdade irrefutável para os mais influenciáveis. Ou, na melhor das hipóteses, ignorar outras verdades mais constrangedoras.
É por isso tudo que fico triste e desiludido em não conseguir confiar em praticamente nenhum político, em nenhum candidato. Por melhor intencionado que um deles seja, ele nunca conseguirá autonomia, pois estará sujeito às sanções de seus pares dentro de seu partido. É como governar sem ter maioria no Legislativo. Não rola. A menos que se torne uma nova grande liderança.
Espero mesmo que eu esteja enganado em minha funesta visão dos rumos que nosso Brasil está tomando. Espero mesmo.


Sindicalistas do crime

Eis aí um bom exemplo. Conheci o sujeito da matéria a seguir, trabalhei muitos anos com ele. Na época desse episódio eu estava morando em Minas Gerais e já não tinha contato com o dito cujo há muito tempo. O sr. Marcos Cará era um velho ativista do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), partido clandestino criado na época da ditadura. Trabalhava como assessor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, na época presidido ainda pelo Joaquinzão (Joaquim dos Santos Andrade) e sucedido por Luiz Antônio de Medeiros. Marcos Cará foi um dos articuladores da criação da central sindical Força Sindical, que seria então presidido por Medeiros e sucedido por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, hoje deputado federal e candidato à reeleição. Curiosamente, esses veteranos militantes de “esquerda” foram pedir, e ganharam, o apoio de ninguém menos que o ex-presidente Fernando Collor de Mello, um expressivo representante da direita alagoana, para conseguir fundar a central sindical de Medeiros.
Estão acompanhando? E qual o motivo de uma aliança aparentemente sem pé nem cabeça como essa? Simples: Collor e Lula tinham acabado de sair de uma agressiva campanha eleitoral, onde Collor sagrou-se presidente da República, e a CUT (Central Única dos Trabalhadores), comandada pelo PT de Lula, mobilizava-se e vociferava contra seu governo. A saída era criar uma nova central que fizesse frente a esse grande incômodo. Assim, pessoas que estavam do mesmo lado antes (na luta contra a ditadura e pela redemocratização), agora brigavam entre si por um quinhão de poder.
A propósito, essas mesmas pessoas que se empenharam em fundar a Força Sindical, mais tarde foram apoiar Lula em 2002.

Muito bem, assistam a matéria a seguir, clicando na imagem, e vocês entenderão.


Toda essa experiência me afastou ainda mais de qualquer possibilidade de confiar na esquerda, e a duvidar profundamente da seriedade do socialismo, do comunismo. Pelo menos de seus representantes brasileiros. Em 2010 eu estava novamente em Minas Gerais, quando fui surpreendido por uma edição da revista Veja. Ela trazia na capa uma chamada com a foto de um outro velho conhecido dos bastidores do sindicalismo: Wagner Cinchetto. Não perdi tempo e decidi escrever um artigo em meu blog e desmascarar o sujeito. Eu também o conheci, trabalhamos juntos e ele e Cará eram amigos inseparáveis.
Minha conclusão é que os fantasiosos e utópicos discursos da militância esquerdista, ou são pura ingenuidade, ou um ópio verborrágico para tentar garantir não só uma “boquinha” no estado, mas também ter à sua disposição um exército de zumbis que acreditam na embolorada balela de uma sociedade igualitária, com justiça plena, distribuição de riqueza e direitos iguais para todos.
Se alguém me apontar um único exemplo de uma sociedade tão perfeita, regida pelo socialismo, talvez eu volte atrás em minhas considerações.


*Este texto, um desabafo escrito e publicado originalmente em minha página no Facebook após ter assistido a entrevista que Luciana Genro, candidata à presidência da República pelo Psol, concedeu ao apresentador e humorista Danilo Gentilli no programa The Noite e após ler os inúmeros comentários a respeito nas redes sociais.
Entre os comentários sobre o posicionamento de Luciana, que disse que Danilo Gentlli precisava estudar mais, um é realmente excepcional. É um artigo publicado no site do Instituto Liberal e assinado por Flavio Morgenstem, sob o título "Carta Aberta a Luciana Genro". É longo, mas vale a pena ler.

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