sábado, 27 de abril de 2013

Cinema

‘Homem de Ferro 3’ ressuscita vilão clássico das HQs

O Mandarim, interpretado por Ben Kingsley, ainda é uma ameaça terrorista desde os tempos da Guerra Fria


Erick Vizoki

“Homem de Ferro 3” teve estreia nacional nesta sexta-feira (26). Orçado em US$ 200 milhões, o novo longa da Marvel/Paramount, distribuído pela Disney/Buena Vista, deve juntar mais alguns milhões aos US$ 1,2 bilhões já arrecadados mundo afora com as duas sequências anteriores.

Encarnado novamente pelo ator Robert Downey Jr. (que parece querer abandonar a poderosa armadura após esse filme, quando termina seu contrato), o super-herói metálico volta a enfrentar um arqui-inimigo que não via há muito tempo, desde as histórias em quadrinhos, o Mandarim, interpretado pelo excelente Ben Kingsley.

O último trabalho do ator foi em “A Invenção de Hugo Cabret” (2011), de Martin Scorcese, onde interpretou ninguém menos que Georges Méliès, o pai dos efeitos especiais no cinema e o primeiro a fazer filmes com roteiros (antes, os irmãos Lumiére, inventores do cinematógrafo, apenas filmavam cenas do cotidiano). Kingsley também já ganhou um Oscar, em 1983, por interpretar o líder indiano Mahatma Gandhi.

O vilão chinês foi criado em 1964, por Stan Lee e desenhado por Don Heck. Claro, os tempos eram outros, e o personagem encarnava o mal representado pela China aliada da União Soviética, e a Guerra Fria era o pano de fundo.

Nas histórias originais dos quadrinhos, o Mandarim era filho de uma nobre inglesa e de um chinês, que se dizia descendente de Genghis Khan. Ele vivia como um aristocrata, até perder suas posses, que incluíam castelos, por conta da Revolução Cultural. O vilão se considerava um mestre do karatê, mas suas armas mortais eram dez anéis, que usava um em cada dedo das mãos. Cada um desses anéis tinha um poder diferente. O Mandarim era o principal inimigo do super-herói nos quadrinhos e também nos desenhos animados da Marvel do final dos anos 60, que incluíam ainda Thor, Hulk, Capitão América e Namor, o Príncipe Submarino.

Essas alterações são necessárias, para que a existência de super-heróis faça algum sentido. Na primeira adaptação do Homem de Ferro para o cinema, a história segue fiel às origens do herói, só que na versão original dos quadrinhos, Tony Stark era sequestrado por vietnamitas, e não por afegãos, como acontece no longa. Claro, era bem mais coerente, já que o inimigo antiamericano da vez era Osama Bin Laden, que se escondia no Afeganistão na época em que o filme foi produzido, em 2008. Nos quadrinhos, o Homem de Ferro surgiu em 1963, criado por Stan Lee e Don Heck, em plena guerra do Vietnã.

Ben Kingsley interpreta o Mandarim, maior inimigo do Homem de Ferro nos quadrinhos; Tony Stark está mais humano e violento na nova sequência. Créditos: Ai-Wire/WENN (Ben Kingsley), Reprodução, Divulgação

Mas, se por um lado a Guerra Fria acabou, por outro o Mandarim continua sendo uma ameaça aos ideiais americanos. Agora ele é líder de uma organização terrorista que realiza uma série de ataques violentos em Nova Iorque.

O vilão foi adaptado para os dias de hoje, condizente com o momento de tensão que os EUA vivem em virtude de ataques terroristas, como o que aconteceu recentemente em Boston, durante uma maratona, que deixou três mortos e mais de 200 feridos. Também não deixa de manter aceso o medo da ameaça nuclear norte-coreana, por parte do ditador Kim Jong, presidente da Coreia do Norte, que tem como aliada, ainda que de forma um tanto reticente, a China.

Mais homem, menos ferro

A nova trama traz um Tony Stark mais humanizado mas, por outro lado, mais dependente de sua poderosa armadura.

Enquanto Stark faz sua própria caça aos inimigos, o governo americano responde colocando em ação o coronel James Rhodes (Don Cheadle) e sua “Máquina de Combate”, agora rebatizada de “Patriota de Ferro”. Durante grande parte do filme, porém, os dois permanecem fora das armaduras, tendo que contar com a própria inteligência e talento para combater o mal. 


De certa forma, “Homem de Ferro 3” é uma sequência de “Os Vingadores”. O bilionário ainda é perturbado pelo ataque alienígena mostrado no longa que reunia outros super-heróis da Marvel. Apesar da vitória, Stark se sente cada vez mais dependente de sua armadura, sofre ataques de ansiedade e não consegue dormir, numa crise de identidade que o transforma em um personagem mais maduro e simpático, ainda que irônico e arrogante como sempre.

Sua assistente, braço direito, agora chefe das Organizações Stark e namorada pra valer, Peper Potts (ainda interpretada por Gwyneth Pawtrol), também ganha mais força no novo filme. Agora ela vive junto com o patrão, em sua mansão high-tech em Malibu, participa de mais cenas de ação (inclusive chegando a usar também uma das armaduras do herói) e cuja segurança é tão prioritária para o Homem de Ferro quanto salvar o mundo.

Os efeitos especiais também são arrebatadores, principalmente nas cenas de perigo e nas inevitáveis explosões, como quando o herói precisa salvar, em pleno ar, passageiros de um avião, ou no ataque à sua mansão.

A nova adaptação do clássico herói da Marvel é também a mais violenta da franquia, que chega a mostrar a possibilidade de Tony Stark matar outras pessoas de maneira muito natural, mesmo que implicitamente.

O final do filme parece dar a entender que esta será a última aventura do Homem de Ferro na telona. Mas só parece. A frase “Tony Stark voltará”, que aparece nos créditos finais, deixa claro seu retorno, provavelmente em “Os Vingadores 2”, previsto para ser lançado em 2015.

Mas enfim, muitos críticos atestam: “Homem de Ferro 3” é a melhor produção da trilogia.


SERVIÇO
“Homem de Ferro 3” (Iron Man 3 / EUA, China / 2013)
Direção: Shane Black
Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Ben Kingsley, Don Cheadle
Duração: 2h11
Classificação: 12 anos
Gênero: Ação, Ficção Científica

(Publicado também no portal Caderno de Minas)


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