‘Homem de Ferro 3’ ressuscita vilão clássico das HQs
O Mandarim, interpretado por Ben Kingsley, ainda é uma ameaça terrorista desde os tempos da Guerra Fria
Erick Vizoki
“Homem de Ferro 3” teve estreia nacional
nesta sexta-feira (26). Orçado em US$ 200 milhões, o novo longa da Marvel/Paramount,
distribuído pela Disney/Buena Vista, deve juntar mais alguns milhões aos US$
1,2 bilhões já arrecadados mundo afora com as duas sequências anteriores.
Encarnado novamente pelo ator Robert
Downey Jr. (que parece querer abandonar a poderosa armadura após esse filme,
quando termina seu contrato), o super-herói metálico volta a enfrentar um
arqui-inimigo que não via há muito tempo, desde as histórias em quadrinhos, o
Mandarim, interpretado pelo excelente Ben Kingsley.
O último trabalho do ator foi em “A
Invenção de Hugo Cabret” (2011), de Martin Scorcese, onde interpretou ninguém
menos que Georges Méliès, o pai dos efeitos especiais no cinema e o primeiro a fazer
filmes com roteiros (antes, os irmãos Lumiére, inventores do cinematógrafo,
apenas filmavam cenas do cotidiano). Kingsley também já ganhou um Oscar, em
1983, por interpretar o líder indiano Mahatma Gandhi.
O vilão chinês foi criado em 1964, por
Stan Lee e desenhado por Don Heck. Claro, os tempos eram outros, e o personagem
encarnava o mal representado pela China aliada da União Soviética, e a Guerra
Fria era o pano de fundo.
Nas histórias originais dos quadrinhos,
o Mandarim era filho de uma nobre inglesa e de um chinês, que se dizia
descendente de Genghis Khan. Ele vivia como um aristocrata, até perder
suas posses, que incluíam castelos, por conta da Revolução Cultural. O vilão
se considerava um mestre do karatê, mas suas armas mortais eram dez anéis, que
usava um em cada dedo das mãos. Cada um desses anéis tinha um poder diferente.
O Mandarim era o principal inimigo do super-herói nos quadrinhos e também nos
desenhos animados da Marvel do final dos anos 60, que incluíam ainda Thor,
Hulk, Capitão América e Namor, o Príncipe Submarino.
Essas alterações são necessárias, para
que a existência de super-heróis faça algum sentido. Na primeira adaptação do
Homem de Ferro para o cinema, a história segue fiel às origens do herói, só que
na versão original dos quadrinhos, Tony Stark era sequestrado por vietnamitas,
e não por afegãos, como acontece no longa. Claro, era bem mais coerente, já que
o inimigo antiamericano da vez era Osama Bin Laden, que se escondia no
Afeganistão na época em que o filme foi produzido, em 2008. Nos quadrinhos, o
Homem de Ferro surgiu em 1963, criado por Stan Lee e Don Heck, em plena guerra
do Vietnã.
Mas, se por um lado a Guerra Fria
acabou, por outro o Mandarim continua sendo uma ameaça aos ideiais americanos.
Agora ele é líder de uma organização terrorista que realiza uma série de
ataques violentos em Nova Iorque.
O vilão foi adaptado para os dias de
hoje, condizente com o momento de tensão que os EUA vivem em virtude de ataques
terroristas, como o que aconteceu recentemente em Boston, durante uma maratona,
que deixou três mortos e mais de 200 feridos. Também não deixa de manter aceso
o medo da ameaça nuclear norte-coreana, por parte do ditador Kim Jong,
presidente da Coreia do Norte, que tem como aliada, ainda que de forma um tanto
reticente, a China.
Mais
homem, menos ferro
A nova trama traz um Tony Stark mais
humanizado mas, por outro lado, mais dependente de sua poderosa armadura.
Enquanto Stark faz sua própria caça
aos inimigos, o governo americano responde colocando em ação o coronel James
Rhodes (Don Cheadle) e sua “Máquina de Combate”, agora rebatizada de “Patriota
de Ferro”. Durante grande parte do filme, porém, os dois permanecem fora das
armaduras, tendo que contar com a própria inteligência e talento para combater
o mal.
De certa forma, “Homem de Ferro 3” é
uma sequência de “Os Vingadores”. O bilionário ainda é perturbado pelo ataque
alienígena mostrado no longa que reunia outros super-heróis da Marvel. Apesar
da vitória, Stark se sente cada vez mais dependente de sua armadura, sofre
ataques de ansiedade e não consegue dormir, numa crise de identidade que o
transforma em um personagem mais maduro e simpático, ainda que irônico e
arrogante como sempre.
Sua assistente, braço direito, agora chefe
das Organizações Stark e namorada pra valer, Peper Potts (ainda interpretada
por Gwyneth Pawtrol), também ganha mais força no novo filme. Agora ela vive
junto com o patrão, em sua mansão high-tech em Malibu, participa de mais cenas
de ação (inclusive chegando a usar também uma das armaduras do herói) e cuja
segurança é tão prioritária para o Homem de Ferro quanto salvar o mundo.
Os efeitos especiais também são
arrebatadores, principalmente nas cenas de perigo e nas inevitáveis explosões,
como quando o herói precisa salvar, em pleno ar, passageiros de um avião, ou no
ataque à sua mansão.
A nova adaptação do clássico herói da
Marvel é também a mais violenta da franquia, que chega a mostrar a
possibilidade de Tony Stark matar outras pessoas de maneira muito natural,
mesmo que implicitamente.
O final do filme parece dar a entender
que esta será a última aventura do Homem de Ferro na telona. Mas só parece. A
frase “Tony Stark voltará”, que aparece nos créditos finais, deixa claro seu
retorno, provavelmente em “Os Vingadores 2”, previsto para ser lançado em 2015.
Mas enfim, muitos críticos atestam:
“Homem de Ferro 3” é a melhor produção da trilogia.
SERVIÇO
“Homem de Ferro 3” (Iron Man 3 / EUA,
China / 2013)
Direção: Shane Black
Elenco: Robert Downey Jr.,
Gwyneth Paltrow, Ben Kingsley, Don Cheadle
Duração: 2h11
Classificação: 12 anos