sexta-feira, 12 de março de 2010

QUADRINHOS EM LUTO - Em tempo

Seguem as últimas informações sobre a morte do cartunista Glauco Villas Boas.
Me desculpem os seguidores deste blog pela informações ainda confusas, mas estou apenas repassando as informações que estou recebendo dos outros...
Frequentador de igreja teria matado Glauco, diz polícia

Por Marcelo Godoy, Agencia Estado, Atualizado: 12/3/2010 12:45

Fonte: MSN Notícias

Nem tentativa de assalto, nem vingança. O cartunista Glauco Villas Boas e seu filho Raoni foram mortos, de acordo com a polícia, por um conhecido da família que frequentava a Igreja Céu de Maria, fundada por Glauco e inspirada nos cultos do Santo Daime. Segundo a polícia, trata-se de um estudante universitário de 24 anos. Até agora, a polícia não confirmou a localização do jovem.

O suspeito do crime vive no Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, e estava afastado dos cultos há cerca de seis meses. No fim da noite de ontem, ele teria ido ao encontro de Glauco e Raoni. Levava uma pistola 765. Houve uma discussão e o rapaz disse que iria se matar. Pai e filho tentaram demovê-lo da ideia, quando acabaram sendo mortos. Depois de assassinar Glauco e Raoni, o rapaz fugiu em um carro.

Hoje, quando a morte de Glauco e Raoni veio a público, a primeira hipótese é de que se trataria de uma tentativa de assalto praticada por dois homens. Horas depois, foi divulgada a informação de que o boletim de ocorrência do crime indicava a participação de um terceiro suspeito, que estaria no veículo. Uma testemunha reconheceu o suspeito como um frequentador da igreja. A partir dessa identificação, a polícia levantou informações sobre o carro e o endereço do rapaz.

Os corpos de Glauco e Raoni foram liberados no fim da manhã de hoje. A pedido da família, o velório acontecerá em uma cerimônia reservada e o acesso ao público só será permitido no enterro, previsto para amanhã, no Cemitério Gethsemani Anhanguera.

QUADRINHOS EM LUTO

Glauco é morto aos 53 anos durante tentativa de assalto

Fontes: Agência Estado e Globo.com

O cartunista Glauco Villas Boas, de 53 anos, morreu na madrugada desta sexta-feira (12/03) após ser baleado durante uma suposta tentativa de assalto na Estrada Alpina, no bairro Jardim Santa Fé, em Osasco, na Grande São Paulo, segundo informações preliminares da Polícia Militar (PM). De acordo com o Hospital Albert Sabin, o cartunista deu entrada no pronto-socorro por volta da 0h30 e morreu cerca de meia hora depois. O filho dele, Raoni, de 25 anos, também foi atingido pelos disparos e morreu a caminho do hospital.

O crime aconteceu por volta de meia-noite. O caso foi registrado no 10º Distrito Policial de Osasco e os corpos do cartunista e do filho já foram encaminhados para o Instituo Médico Legal (IML) da cidade. Ninguém foi preso.

De acordo com informações passadas por uma testemunha à polícia, três homens chegaram à residência do cartunista, no bairro de Santa Fé, zona norte da cidade, em um Gol cinza.

Villas Boas teria sido agredido pelos assaltantes e, ao tentar pedir para que fosse levado para sacar dinheiro e a mulher e os filhos pudessem ficar em casa, foi atingido por quatro disparos.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), Raoni também teria discutido com os criminosos e levou outros quatro tiros. O crime aconteceu por volta da 0h30.

Conforme a PM, quando a corporação chegou ao local, os dois já haviam sido socorridos por moradores. Eles foram levados ao Pronto-Socorro Albert Sabin, mas não resistiram aos ferimentos. Os corpos chegaram ao Instituto Médico Legal (IML) de Osasco por volta das 6h45.

Os criminosos fugiram e ainda não foram localizados. A testemunha que presenciou os assassinatos disse que não foi possível anotar a placa do veículo.

O caso foi registrado no 1º DP de Osasco como homicídio simples, mas deve ser investigado pela Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Segundo o advogado da família de Glauco, Ricardo Handro, os dois homens que invadiram a casa do cartunista estavam aparentemente drogados. “Eles não falavam coisa com coisa, estavam aparentemente drogados. Mais que advogado da família, sou amigo de Glauco há 12 anos. Foi uma fatalidade, uma coisa terrível”, disse Handro ao G1.

De acordo com o advogado, os homens renderam a filha do cartunista quando ela tentava entrar em casa. Eles entraram na residência e anunciaram que levariam toda a família. Glauco negociou para que apenas ele fosse levado. Durante a negociação, o cartunista levou uma coronhada no rosto. Ao saírem do local, o filho Raoni voltava da faculdade e se assustou com o pai sangrando e com uma arma apontada para a cabeça. Raoni tentou negociar e neste momento os bandidos deram quatro tiros em Raoni e outros quatro em Glauco. Um dos tiros acertou o rosto do cartunista. A mulher e a filha de Glauco presenciaram tudo.

Carreira

Nascido em 1957, em Jandaia do Sul, no Paraná, Glauco Villas Boas publicou sua primeira tira em 1976 no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto. A carreira decolou após ser premiado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba, também em 1976, e na 2ª Bienal de Humorismo y Gráfica de Cuba.

Villas Boas começou a publicar suas tiras no jornal "Folha de São Paulo" de maneira esporádica em 1977 e, em 1984, os desenhos passaram a ser regulares. Criou personagens marcantes como Geraldão, Casal Neuras, Doy Jorge, Dona Marta e Zé do Apocalipse.

Como redator, fez parte do elenco de redatores da TV Pirata, da Rede Globo. Músico, também tocava em bandas de rock.

Dono de um traço marcante e de um estilo de humor ácido e de piadas visuais rápidas, Glauco criou personagens que de certa forma representavam suas próprias experiências na São Paulo dos anos 1980, com referências a sexo, drogas e violência urbana.

Em 1991, participou ao lado de Angeli e Laerte da criação da tira "Los 3 amigos", uma brincadeira do trio de cartunistas com o universo dos filmes de bang-bang e seu retrato dos personagens mexicanos.

Atualmente, Glauco publicava tiras diárias e charges no jornal "Folha de S. Paulo". Seus quadrinhos antigos vinham sendo republicados por editoras como Opera Graphica e L&PM.

Além das tiras diárias publicadas na Folha de S. Paulo, Glauco teve várias coletâneas de suas charges políticas e de costumes reunidas em pocket-books, entre eles “Abobrinhas da Brasilônia (1985)”, “Política Zero (2005)”, “Seis Mãos Bobas (2006)”, entre outros. Também lançou uma revista com o personagem que o consagrou, “Geraldão”, em 1987, pela Circo Editorial. Este blogueiro, declaramente fã do cartunista, esteve presente no lançamento e até ganhou um autógrafo em uma de suas tiras (quando eu ainda era cartunista).

Há anos Glauco morava em uma chácara nas proximidades do Pico do Jaraguá em São Paulo, onde também mantinha um centro de ritual do Santo Daime. Sua opção pela vida na serra em oposição à vida urbana era citada com frequência nas tiras do Cacique Jaraguá. Glauco retratava ainda a violência nas cidades através das HQ do personagem Faquinha.

Em uma entrevista publicada na "Folha de S. Paulo" em 2004, Glauco lamentou a suposta falta de sintonia com as novas gerações. "Meu traço não é bom para retratar o futuro. Corro o risco de não falar a língua da moçada."

Glauco também fez parte da equipe de redatores dos programas "TV Pirata" e "TV Colosso", da Globo.