quarta-feira, 17 de novembro de 2010

TEATRO - O Blok recomenda

Shakespeare Eterno
Temporada até 16 de dezembro/2010
O próprio Shakespeare, em espírito, como em várias de suas peças celtas, onde sempre eles aparecem, está no palco e não é visto pelos atores. Só o público tem este privilégio. Assim sendo, ele mesmo comanda quais cenas acha que devemos ver e, em versos sempre bem humorados, nos conta segredos sobre a criação de muitas de suas peças. Cia Teatral Olhos de Dentro www.olhosdedentro.com http://www.ninamancin.com/
A Cia Teatral Olhos de Dentro tem como objetivo a inclusão social. É um grupo humano com características muito especiais, misturando todo tipo de interessados em aprender teatro e fazer dele o seu meio de comunicação com a sociedade. Os atores são portadores de vida, síndrome de Down, cadeirantes, deficientes visuais e quem mais desejar estar ali. Nessa jornada de 9 anos realizamos várias montagens de muitos espetáculos: “Ensaio Sobre a Vida”, “O Girassol,” “Shakespeare aos Pedaços”, “Retalhos”, “Os Velhos”, “Linhas Cruzadas”, “Um Lugar Qualquer”, entre muitos outros. Alguns alunos foram encaminhados para trabalhos profissionais e o curso já contemplou mais de 250. As aulas são semanais e realizadas aos sábados, nas dependências do Teatro Ruth Escobar. O curso não tem limite de idade, mas procuramos atender maiores de quinze anos. Sua duração é continuada e ao final de cada ciclo, como encerramento, apresentações públicas são realizadas no próprio teatro e com a participação de todos os alunos. A cada ano, novos interessados se juntam ao grupo, vindos de entidades, matérias publicadas na mídia impressa ou eletrônica. A coordenadora do grupo, a atriz e pedagoga Nina Mancin, tem consciência das dificuldades sempre presentes no seu trabalho, e entende que, mais que um curso de teatro, é um ato político. SERVIÇO Shakespeare Eterno Direção: Nina Mancin Adaptação: Carlos Meceni Participação Especial: Músicos da Orquestra de Câmera da Filarmônica Jovem de S.B.C. Temporada: 25 de novembro, 02, 09 e 16 de dezembro às 21:00h Teatro Ruth Escobar – Sala Gil Vicente Rua Dos Ingleses, 209 – Bela Vista Tel: 3289-2358 ENTRADA FRANCA

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SAÚDE

Medo de dentista? A hipnodontia pode ser a solução 

Tratamento odontológico com hipnose ainda é pouco conhecido, mas mesmo pequenas cidades como Poço Fundo (MG) dispõem desse serviço 

Erick Vizoki 
Trabalhei algum tempo no Jornal de Poço Fundo, em Poço Fundo, região sul de Minas Gerais. É uma cidade pequena, com cerca de 16 mil habitantes e uma área de 474Km². Como toda aquela região, Poço Fundo guarda belezas naturais como montanhas e cachoeiras, um povo acolhedor e a tranquilidade que todo mundo procura. Além de todos esses atrativos, que fizeram com que eu me encantasse com o pequeno município, uma outra coisa me chamou muito a atenção: foi lá que ouvi falar pela primeira vez em hipnodontia. E conheci também a bonita e simpática Dra. Rafaella Aquino, cirurgiã dentista pioneira em usar a técnica da hipnose em tratamentos odontológicos naquela região. 

Comentando, dia desses, sobre hipnose numa comunidade do Orkut com uma amiga, me lembrei desse fato no mínimo curioso. Fiz contato com a redação do Jornal de Poço Fundo e pedi uma antiga matéria, publicada na época em que eu ainda trabalhava e morava lá, que explicava a novidade e trazia uma entrevista com a Dra. Rafaella. A matéria e a entrevista foram feitas pelo repórter Antônio Carlos Rod. dos Santos, que transcrevo aqui, na íntegra.
Agradeço ao Toninho e à Simone, do JPF, pela gentileza e atenção em disponibilizar essa matéria e a foto da Dra. Rafaella de seus arquivos! Parabéns pela excelente e curiosa reportagem, e contínuo sucesso à Dra. Rafaella e ao bom e (quase) velho Jornal de Poço Fundo! 

"Hipnose ganha espaço em clínica Odontológica 

Poço Fundo é a única cidade da região a possuir uma Clínica Odontológica que trabalha com a Hipnodontia. A novidade gerou curiosidade e o Jornal de Poço Fundo foi conferir como funciona o tratamento, antes restrito aos grandes centros. 

Mesmerismo, magnetismo, hipnotismo... São muitos os nomes de uma técnica que, embora bastante conhecida, ainda é pouco compreendida. No decorrer de vários anos, a hipnose vem sendo utilizada, testada e submetida a muitas provas, para se chegar à comprovação de sua eficácia, nos vários campos da medicina, começando pela psiquiatria e agora também na odontologia. Autorizada por uma lei federal que começou com um decreto, em 1960, e transformou-se em lei em 1970, a hipnodontia é utilizada em tais clínicas para obter um maior relaxamento, para tratamento de ansiedade, anestesia e até controle de salivação e hemorragias! Antes restrita aos grandes centros, a novidade vem chamando a atenção por ter chegado com força total em Poço Fundo, e cada vez mais pacientes que buscam tratamento odontológico estão usufruindo os benefícios da técnica. O fato gerou curiosidade, principalmente nos que têm pouco conhecimento do assunto e ainda cultivam alguns preconceitos e medos com relação ao hipnotismo. Baseado em tal curiosidade, o Jornal de Poço Fundo foi procurar o único local em Poço Fundo onde se pratica a hipnodontia, a clínica odontológica Odonto Saúde, que, aliás, é também a única da região a realizar o procedimento, para conversar com a cirurgiã dentista Dra. Rafaella Aquino. A Dra. Rafaella é quem conduz os trabalhos de hipnodontia na clínica, e falou conosco sobre a chegada da novidade em Poço Fundo, além de nos fornecer alguns esclarecimentos sobre a hipnose, importantes para retirar misticismos e preconceitos quanto ao assunto. O JPF também localizou uma das pacientes da Dra Rafaella, que nos contou sua experiência. 

Confira, na íntegra, a entrevista com a cirurgiã dentista:


Dra. Rafaella Aquino
(Foto: Arquivo Jornal de Poço Fundo)


JPF: No que consiste a hipnose? 
Rafaella: Bem, a hipnose pode ser considerada um estado corriqueiro do dia-a-dia, onde a pessoa se apresenta mais receptiva a pensar de forma mais sábia - inconscientemente - ou repensar as mesmas ideias de forma nova. O transe é um estado especial de consciência, que pode ser vivenciado naturalmente ou induzido por um dentista, médico ou psicólogo. A nossa mente é dividida em duas partes: a mente consciente e a mente inconsciente. O inconsciente pode ser visto como um depósito de coisas que são mantidas na consciência, das quais podemos nos lembrar quando desejarmos. Ele é o nosso lado profundo e sensato, é criativo e inteligente, é a parte mais sensata, muito mais sensata que a sua parte inconsciente, que é restrita pelas crenças limitadoras que mantemos na consciência. 

JPF: O que levou você a desenvolver tal trabalho? 
Rafaella: Muitas pessoas comentavam comigo que estar na cadeira do dentista é algo demorado e chato. Sempre ouvia dos pacientes mais íntimos: “Nada de pessoal, mas eu odeio dentista!”. Como não podia me conformar com tal fato, busquei fazer um curso para aprender a ajudar as pessoas a se sentirem melhor quando estivessem na cadeira de um dentista. A grande maioria das pessoas que têm aprendido esse exercício comigo, quando passam pela experiência, costumam me dizer terem se sentido muito bem. 

JPF: Como foi sua preparação para realizar este trabalho e há quanto tempo vem fazendo? 
Rafaella: O trabalho com o uso da hipnose é muito sério e por isto exige muita preparação e estudo. Venho envolvendo-me neste estudo sistemático sobre a hipnose desde 2000, fazendo parte de um grupo de estudos sob a supervisão da Dra. Cláudia Maia e do Dr. Malomar, ambos de Belo Horizonte. Nos primeiros quatro meses nos dedicamos exclusivamente ao estudo da história da hipnose e da técnica de indução do transe formal; só após muito estudo e treinamento começamos o trabalho. E agora nós nos encontramos mensalmente para discutirmos os casos e continuarmos aprofundando os estudos. Em dezembro houve também o 1º Seminário Mineiro da Hipnose, onde se reuniram médicos, dentistas e psicólogos, para dividirem experiências sobre o assunto. Na oportunidade, tive o prazer de apresentar um caso e também aprender mais com as experiências dos colegas presentes, e me surpreendi como a hipnose tem ganhado cada vez mais espaço na área médica e odontológica em todo Brasil, firmando-se cada vez mais como um meio eficaz, confiável e seguro. 

JPF: Como o paciente é preparado para o tratamento com hipnose? 
Rafaella: Quando o paciente procura o consultório sabendo do uso da hipnose, na primeira consulta colhemos o maior número de dados possíveis e oferecemos as primeiras informações sobre o que é hipnose e inconsciente, e todas as dúvidas não esclarecidas. Se o paciente se sentir à vontade, podemos começar a aprender juntos os primeiros exercícios de relaxamento e ajudá-lo a se concentrar. Quando o paciente não sabe que oferecemos este tipo de tratamento, mas possui traumas e/ou fobias, é levado ao seu conhecimento a possibilidade de se sentir melhor usando a hipnose. Quando ele aceita a sugestão, partimos do mesmo princípio explicado anteriormente. 

JPF: Qualquer pessoa pode ser hipnotizada? 
Rafaella: Sim, qualquer pessoa pode ser hipnotizada, desde que deseje. Algumas apresentam maior facilidade para entrar em transe que outras. Aquelas que ainda não têm muita facilidade para entrar em transe podem desenvolver a cada nova experiência. Tudo na vida é um aprendizado e a cada vez que se repete um exercício, cada vez se aprende mais e cada vez é mais fácil repetir de novo. Assim como há crianças que aprendem ler com 3 anos, outras aprendem aos 6 anos, outras aos 7 anos, mas todas aprendem. 

JPF: Durante o tratamento a pessoa entra em transe? 
Rafaella: Tanto as pessoas mais sugestionáveis quanto aos que respondem menos a hipnose podem se beneficiar com o transe, que pode ser dividido em leve, médio e profundo. Para o objetivo que temos no consultório, o transe leve já é o suficiente para o alívio que o paciente necessita. O que a pessoa irá vivenciar durante o transe pode ser experimentado por qualquer um de nós no dia-a-dia. Como alguém que, depois de passar por um sinal luminoso, ou estar preparando algum alimento, se dá conta que “estava tão longe” que nem se lembra qual era a cor do sinal quando ele passou, ou se já havia colocado sal. Isto acontece porque, quando estamos muito acostumados a realizar sempre as mesmas tarefas, fazemos automaticamente, sem precisar pensar conscientemente, ou seja, sendo capazes de fazer duas coisas ao mesmo tempo. Assim também no consultório, enquanto o paciente está deitado na cadeira conscientemente para ser tratado, uma outra parte de sua mente, o inconsciente, pode levá-lo a qualquer lugar e ele nem se dar conta que seu tratamento já foi realizado. 

JPF: Em quais momentos você usa a hipnose em seu tratamento? 
Rafaella: Na odontologia tem sido de grande valor nos casos de ansiedade e tensão, vômito durante moldagens, medo de anestesia e agulhas, e em alguns casos pode até substituir a anestesia química. Serve também para ajudar pacientes a melhor se adaptarem a aparelhos ortodônticos e aceitarem melhor o uso de próteses; na motivação à escovação; e também pode ser usada para combater hábitos nocivos como roer unhas, chupar bico e dedos, apertar ou ranger dentes à noite e em muitas outras questões, inclusive tem ajudado a fumantes quando desejam parar de fumar. 

JPF: Quais as indicações para o uso da hipnose na odontologia? E existem contraindicações? 
Rafaella: A hipnose não realiza milagres, mas é uma técnica muito útil, que pode ajudar as pessoas nas suas dificuldades e receios. Não existe nenhuma contraindicação porque a pessoa hipnotizada mantém o controle de toda situação, fazendo somente aquilo que quer ou para o qual se sente preparada. Durante o transe, sempre é mantido algum nível de consciência. Já quanto a pessoa irá se relaxar, dependerá de sua vontade interior e do treinamento, porque cada vez que se repete um exercício mais fácil é repeti-lo novamente. 

JPF: Como tem sido a aceitação deste novo trabalho por parte de seus pacientes? 
Rafaella: Assim como eu, a maioria das pessoas, quando ouvem falar em hipnose pela primeira vez, logo lembram em algum tipo de show de teatro ou filmes na televisão, onde seres místicos hipnotizavam os mocinhos contra vontade e os submetiam a todo tipo de humilhações ou os levava a cometer coisas que, em sã consciência, não o fariam. Nestes casos a hipnose era conduzida por meio de pêndulos, onde se ouviam os dizeres: “Você está com sono... muito sono...”. Mas, depois de conhecer um pouco de sua história, facilmente se percebe que na verdade a hipnose é um instrumento que, nas mãos de profissionais sérios e devidamente habilitados para tal função (como dentista, médicos e psicólogos), contribui enormemente para melhor realização do trabalho. E, logo que os pacientes conhecem a seriedade e eficiência do trabalho, simplesmente adoram. Além do que, é bom que se saiba, o uso da hipnose na odontologia é regulamentado pelo Decreto-lei nº 5.081; artigo 6º; item 4, legalizado em 24/08/76 e diz: “Compete ao cirurgião-dentista empregar a hipnose, desde que comprovadamente habilitado, e quando constituir meio eficaz para o tratamento”. 

JPF: E os resultados têm sido bons? 
Rafaella: Têm sido surpreendentes! É incrível o poder que a mente das pessoas possui, o poder da vontade que transforma tudo. Afinal, se você não mudar, nada muda. 

JPF: Para desmistificar um pouco: Há pessoas que têm medo da hipnose, por acreditarem que podem fazer coisas que não querem fazer e acabariam sendo forçadas, ou de serem hipnotizadas sem saberem ou contra vontade... Fale um pouco sobre isto. 
Rafaella: Realmente a hipnose sempre foi cercada por uma névoa de misticismo e muitas mentiras sempre foram ditas sobre ela, e algumas dúvidas sempre pairam no ar quando o assunto é citado. As principais dúvidas e receios que as pessoas me relatam são as seguintes: “O Hipnotizador tem poderes especiais”. Claro que não, pois é a própria pessoa que se hipnotiza (o profissional só dá as orientações necessárias). “A pessoa hipnotizada fica a mercê do hipnotizador”. Isto também é mentira, pois, como você sabe, a pessoa em transe só faz aquilo que quer ou que combinou previamente. “A hipnose pode ser prejudicial à saúde”. De forma alguma. Em mãos adequadas ela só pode ajudar. Afinal, quem se sente mal ao se sentir mais tranquilo? “A hipnose pode fazer alguém revelar seus segredos mais íntimos”. Como você sabe, a pessoa só faz o que quer e, em um consultório dentário, vamos solicitar que o paciente mantenha a boca aberta para que seja atendido; dificilmente ele fala algo. Trabalhar questões internas da pessoa cabe ao psicólogo e não ao dentista. “A pessoa pode não acordar”. Primeiramente a pessoa não está dormindo, está apenas em um estado de consciência alterado, onde se apresenta mais receptiva, menos preconceituosa. E como ela é que se hipnotizou, ela pode sair do transe a hora que quiser ou for solicitado pelo profissional 

JPF: Aqui em Poço Fundo só você realiza a hipnose odontológica, ou existe algum outro profissional que também esteja envolvido com este estudo? 
Rafaella: Que eu saiba, apenas eu estou desenvolvendo este trabalho, mas isto em nada impede que seja feito, assim como tem sido feito em outras cidades como, por exemplo Três Pontas, Poços, Varginha e Paraisópolis, onde colegas do meu grupo têm atendido em consultórios de outros dentistas, para que eles possam atender os pacientes que desejem se beneficiar deste trabalho sem precisar necessariamente fazer uma indicação, ou seja, há um trabalho em equipe. O dentista que trabalha com hipnose vai ao consultório do colega para induzir o transe, e o paciente continua se tratando com o dentista que está habituado, aumentando ainda mais o vínculo entre eles.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Filmes - Sugestão do blog

A Marcha dos Pinguins


Uma impressionante saga de amor e vida. E muitas lições


Erick Vizoki 
“O que há no pingüim imperador e em seus domínios no território inóspito da Antártida que nos faz olhá-los maravilhados e de queixo caído? Com certeza, ele é uma das criações mais estranhas da natureza. Esse animal, que na verdade é uma ave, é tão engraçado quanto nobre na aparência”. O texto acima foi transcrito (ou, na linguagem atual, “copy/cole”) do portal Terra, no link Cinema & DVD (http://cinema.terra.com.br/ficha/0,,TIC-OI5592-MNfilmes,00.html). É o lead de uma resenha sobre o documentário franco-americano de 2005, “A Marcha dos Pinguins” (La Marche de L´Empereur). Dirigido por Luc Jacquet, a versão dublada em português traz como “bônus” as vozes de Antônio Fagundes e Patrícia Pillar. Para ilustrar melhor a minha opinião, resolvi colocar o tal lead publicado pelo Terra, como introdução. O texto é creditado à Reuters, não identifica o autor. Certamente, seja lá quem escreveu isso sequer se deu ao trabalho de ver algumas cenas, pelo menos. Provavelmente essa desestimuladora introdução foi inspirada em desenhos animados ou propagandas de cerveja. “Esse animal, que na verdade é uma ave, é tão engraçado quanto nobre na aparência”. Essa “afirmação” está no lead, antes do início do texto, para orientar o leitor. Estaria ótimo se o autor conhecesse qualquer coisa sobre pinguins que fosse além de “Chilly Willy”. Ou se tivesse assistido alguns trechinhos do filme. Em primeiro lugar, é absolutamente desnecessário dizer “Esse animal, que na verdade é uma ave (...)”. Mas até aí, tudo bem. Mas dizer que "(...) é tão engraçado quanto nobre na aparência.”, é inépcia. Eles são simpáticos e bonitinhos, mas não há nada de engraçado nos pinguins imperadores. E sua aparência não é tão nobre. É o maior de sua espécie, mas é uma ave gorda e desajeitada.
O que há neste belo documentário é a homenagem à essência da vida, em suas circunstâncias mais radicais. Os pinguins imperadores talvez sejam as criaturas que vivem nas condições mais adversas e hostis do planeta. Ainda assim, perpetuam sua espécie de maneira obstinada, suportando temperaturas de -60ºC e a fome, por cerca de quatro meses durante o inverno antártico. Narrado quase como um poema, o texto parte do ponto de vista dos protagonistas, os próprios pinguins imperadores. A escolha de Antônio Fagundes e Patrícia Pillar para a dublagem nacional não deve ter sido aleatória. Provavelmente tenha sido em respeito aos narradores originais, tão respeitados quanto eles: Charles Berling, Romane Bohringer e Jules Sitruk (que fazem as “vozes” do casal central e seu filhote, respectivamente), na versão francesa, e Morgan Freeman na versão norte-americana. Para arredondar o status, a produção faturou o Oscar de Melhor Documentário (2006), arrecadou cerca de US$ 122 milhões em todo mundo e é o documentário mais visto na história Brasil e o segundo no ranking nos EUA, perdendo apenas para “Fahrenheit 11/09” (2004). 

Lição de amor 

De minha parte, considero uma produção caprichada, feita mesmo com muita dedicação e empenho. A ideia da narração subjetiva deu o tom “humano” no drama vivido por essas aves. Não que a narração fosse absolutamente necessária para nos comover com a saga dos pinguins imperadores, mas ela a potencializa e nos faz sentir esse drama. A primeira vez que vi algo mais profundo sobre o modo de vida desses pinguins foi na impressionante série “Planeta Terra” (2007), da BBC, no episódio sobre as regiões polares. Fiquei fascinado. A imagem de Chilly Willy dissipou-se totalmente e me dei conta de como somos definitivamente frágeis e fúteis. O sofrimento, o amor à vida e a fidelidade desses animais são de graus tão elevados que fogem à nossa compreensão. A vida e o ciclo de vida dos pinguins imperadores talvez sejam a mais pura lição de amor que podemos aprender.

A família pinguim

Antes de se encontrarem, senhor e senhora pinguim eram absolutamente estranhos e a batalha para se conhecerem foi uma saga. Depois que se conhecem, praticamente se “casam” e um compromisso inabalável é naturalmente firmado. 
Após as devidas “núpcias”, senhora pinguim dá à luz a um ovo e depois dá no pé. O inverno antártico se aproxima e ela não conseguirá suportar. Deixa o rebento aos cuidados do pai e vai embora em busca de alimento e sobrevivência. Por longos quatro meses o senhor pinguim cuida daquele ovo, protegendo-o de um frio insuportável para nós, na ordem de -60ºC, e sem se alimentar. Quando o inverno está finalmente terminando, papai pinguim dá ao já nascido filhote sua última reserva de alimento, que ele guardou nesses meses em seu estômago exclusivamente para esse fim. 
Os dois, pai e filho, morreriam se não fossem as fêmeas. Terminado o terrível inverno, elas voltam para seus pares e filhotes, cada uma com provisões em seu estômago suficientes para o senhor pinguim e pinguim júnior sobreviverem. 
O que mais impressiona nesses animais são os aguçados instintos paternal e maternal. Se os pais suportaram o mais cruel dos invernos para preservar suas crias, as mães, caso percam as suas, lutam para conseguir uma, nem que seja tomando das outras. Dona pinguim fará de tudo para poder ter e criar um filhote. 
“A Marcha dos Pinguins” é um relato real, muito real, do que talvez signifique a vida. Mostra que a dedicação, companheirismo, fidelidade e amor podem existir nas condições mais improváveis. Talvez os pinguins imperadores nos ensinem que ninguém os ensinou a sobreviver e que regras deveriam seguir. Eles existem independentemente de credos, regras e condições mínimas para viver. Suportam sua vida como devem suportar, assumem seus laços e seus papéis e encantam a todos nós. E certamente são melhores que nós. 

A MARCHA DOS PINGUINS 
(La Marche de L'Empereur, França/EUA, 2005) 
Gênero: Documentário 
Direção: Luc Jacquet 
Atores (vozes): Charles Berling, Romane Bohringer, Jules Sitruk (França), Morgan Freeman (EUA), Antônio Fagundes, Patrícia Pillar (Brasil) 
Duração: 85 min 

Trailer http://www.youtube.com/watch?v=0Sv_XfMVQ2g

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CINEMA

Se o Papa é pop, Allan Kardec é “in” Uma cidade futurista e comunicação com espíritos em laptop já levaram cerca de 3 milhões de pessoas ao cinema para conferir como é a vida após a morte em “Nosso Lar”
Erick Vizoki Blockbuster é um termo norte-americano adotado pela imprensa brasileira para designar o sucesso de bilheteria de superproduções, normalmente produzidos pelo mesmo país que criou o termo. Em tradução livre, blockbuster pode significar “arrasa quarteirão”. Nunca foi muito comum definir um filme brasileiro como blockbuster. Para isso acontecer, um filme nacional precisaria arrebatar um público de pelo menos meio milhão de pessoas em sua estreia. Seria um grande feito para os padrões de bilheteria de nosso cinema. Precisaria também ser exibido em 435 salas no país, também uma aposta meio arriscada. Se e o filme em questão lotar 90 sessões especiais de pré-estreias, realizadas em diferentes localidades do país, atraindo aproximadamente 21 mil expectadores, acho que pode ser considerado um blockbuster nacional. “Nosso Lar”, filme dirigido por Wagner de Assis e que estreou no fim de semana que se iniciou em 3 de setembro, surpreendeu público e crítica a ponto de se tornar um fenômeno, preenchendo todos esses requisitos citados. Tão polêmica quanto a própria crença kardecista, fundada por Allan Kardec em 1857 com a publicação de "O Livro dos Espíritos", a produção gerou os mais diversos comentários, análises e avaliações na mídia. E a imprensa especializada se dividiu entre o conceito de produção cinematográfica e marketing institucional. Números e mais números Considerada a produção cinematográfica mais cara já realizada no Brasil (R$ 20 milhões), “Nosso Lar” já resgatou quase R$ 6 milhões do que desembolsou e atraiu cerca de 560 mil pessoas às salas de cinema em sua estreia. Só para comparar, outro blockbuster, o americano “Resident Evil IV”, estreou em primeiro lugar nas bilheterias brasileiras, no mesmo fim de semana que “Nosso Lar”. Exibido em 3D, faturou R$ 5 milhões. Isto não significa mais público. “Nosso Lar” ficou na frente, em espectadores, com mais de 400 mil pessoas comprando ingressos no primeiro fim de semana de exibição. Até agora, o filme de Wagner de Assis já arrebanhou cerca de 3 milhões de pessoas. Neste ano, a película só perde para “Chico Xavier”, de Daniel Filho, que levou mais de 600 mil pessoas aos cinemas em seu lançamento, que aconteceu em 377 salas escuras. Seu orçamento foi de R$ 12 milhões. Já é a maior bilheteria desde a retomada do cinema nacional, nos anos 90. O drama espírita também está entre as 23 produções nacionais que se inscreveram para ser o representante brasileiro no Oscar 2011, entre eles o próprio “Chico Xavier”. Espiritismo ou ficção científica? Tanto sucesso ainda não foi bem explicado, mas alguns se arriscam a dizer que o principal fator foi a curiosidade. E a repercussão de seu antecessor, “Chico Xavier”, estrategicamente lançado no centenário de nascimento do maior médium espírita do Brasil. De tradição católica, nosso país ainda não vê o espiritismo kardecista exatamente como uma religião. Sua doutrina chega a se misturar com ciência e seus rituais não têm o glamour das missas católicas ou a extravagância exacerbada dos protestantes e evangélicos e seus arrebates de fé. Mas trata, principalmente, de um assunto que incita a imaginação de todos: a vida após a morte e a reencarnação. De 2008 para cá, foram produzidos três filmes com essa temática: “Bezerra de Menezes” (2008), de Glauber Filho e Joe Pimentel; “Chico Xavier” (2010), de Daniel Filho; e “Nosso Lar” (2010), de Wagner de Assis, este último baseado em obra do espírito André Luiz e psicografada por Chico Xavier. Alguns chegam a apostar que, com o sucesso de “Nosso Lar”, a doutrina espírita ganhe mais adeptos no país. Outros dizem que, com o filme, a opção pela ideologia kardecista só foi confirmada. Ou seja, espíritas indecisos estão “saindo do armário”. Mas todas essas especulações sobre a influência ou propósito do filme nada têm a ver com os acertos e erros da produção. Que é um filme bastante institucional, está evidente. Apesar de bem feitinho e trazer as sempre bem-vindas mensagens de amor e fraternidade, é uma obra chata. Não li o livro em que o filme foi baseado, mas sei que é uma referência literária no meio. Mas tenho quase certeza que esta adaptação saiu um pouco do contexto. O tal Nosso Lar, para onde o Dr. André Luiz aporta após sua morte, no filme, parece uma cidade futurista, um lugar de arquitetura ousada e com um sistema administrativo com mais de vinte ministros (!!!). Há uma hierarquia semelhante às estruturas políticas e administrativas terrenas. Os espíritos podem ver as orações e comentários saudosos de seus entes queridos da Terra em um laptop (laptop?!?!). Há até um tipo de transporte flutuante, que ignora a lei da gravidade. Em tudo “Nossa Lar” parece remeter a uma obra de ficção científica. Mesmo assim o filme transcorre de forma quase didática, como se a proposta fosse iniciar o leigo na filosofia dessa religião. Mas essas adaptações podem colocar a perder tal intenção. Agnósticos que possam ter alguma “queda” pelo espiritismo podem ficar decepcionados. Adeptos de outras religiões podem questionar diversos aspectos desse mundo pós morte retratados na tela por Wagner de Assis. Hollywood não é aqui Na verdade, parece que a tal “onda espírita” que a mídia tanto enfocou por conta de “Nosso lar”, parece mais uma jogada de marketing. Não da comunidade kardecista em si, mas da própria mídia. No vácuo do sucesso de “Chico Xavier”, os produtores de “Nosso Lar” capricharam na ousadia. A trilha sonora, por exemplo, é do compositor e músico americano Philip Glass, um dos nomes mais importantes da música minimalista, normalmente associado, erroneamente, à new age, gênero musical próprio para reflexão e “viagens astrais”. Seguindo o exemplo do esquema hollywoodiano, o filme já tem no forno uma continuação, de acordo com reportagem da Folha Online: “Nosso Lar 2”, baseada em outro livro do espírito André Luiz, “Os Mensageiros”, também psicografado pelo médium mineiro Chico Xavier,. Quer mais? A coluna “Outro Canal”, da Folha de São Paulo, divulgou que os produtores de “Nosso Lar” ficaram tão animados com a resposta do público que pretendem adaptar o longa para a TV, em forma de série, usando trechos descartados durante a produção do longa. Se há algum interessado? A Globo, claro. A rede tem investido no segmento espírita com a novela “Escrito nas Estrelas” e a série “Cura”, mostrando bom desempenho. Assim, é possível que “Nosso Lar” se torne um grande sucesso comercial também no exterior e ainda possamos exportar o seriado. E entramos na era dos “enlatados” brasileiros, que pode se iniciar com “Tropa de Elite”, outro blockbuster nacional que deve virar seriado de TV. Se a intenção dos produtores de “Nosso Lar”, que também produziram “Chico Xavier”, era divulgar a doutrina espírita com um marketing tão agressivo a ponto de realizar duas grandes produções cinematográficas, estão cometendo um erro básico: usar a doutrina mais como entretenimento do que como conscientização. Dessa forma, a qualidade de seus novos adeptos deve cair muito e a religião virar mais um simples modismo. Assista ao trailer de “Nosso Lar” http://www.youtube.com/watch?v=i-7isiQnkAA

domingo, 22 de agosto de 2010

MEDIA CRITICISM - Eleições 2010

Ele, de novo...

Revista Veja chafurda o lodo ao entrevistar ex-sindicalista

Erick Vizoki
Já virou tradição: como um cometa muito próximo, a cada quatro anos, sempre em ano eleitoral, ele ressurge com sua cara de mau para fazer suas surradas “denúncias”, ora contra um, ora contra outro. Figurinha carimbada no meio sindical desde meados dos anos 80, Wagner Cinchetto, o ilustre calhau político da revista Veja , volta às páginas da revista que o adora.
Desta vez (de novo) Cinchetto está contra o PT. E ele faz várias "denúncias", reproduzidas no Jornal Pequeno Online, contra o partido que diz ter ajudado a colocar no poder, na edição da semana passada da revista (edição 2178, 18/08/2010). E diz que tem muito mais informações do que possamos imaginar. E garante: está escrevendo um livro de 600 páginas que deverá ser publicado em breve. Falta só terminar. Ou, quem sabe, começar... Afinal, são 600 páginas, segundo ele.
O fato é que o ex-assessor sindical só aparece na mídia para expor suas ações ou participações em operações sujas, imorais, maléficas. Sempre “denunciando” seus ex-companheiros e empregadores, Cinchetto é a melhor definição e personificação do traidor. De moral torpe, credibilidade abaixo de zero e mentiroso profissional, ele faz o serviço sujo onde for, pela melhor proposta. Assim, onde quer que ele seja visto, uma coisa é certa: tem sujeira no meio.
Nas novas denúncias do paladino da moral e da ética na política, Wagner afirma ter participado de operações e articulações para desmoralizar e minar adversários de Lula na campanha de 2002 pela presidência da República. Em entrevista à Veja ele diz, entre outras coisas, que um grupo de “inteligência” foi montado pelo PT, com o aval do então candidato Lula, para criar dossiês e fazer denúncias fajutas aos outros candidatos.

Maledicência

O detalhe é que suas denúncias não têm credibilidade, porque ele é um sujeito sem credibilidade. Wagner Cinchetto é o tipo de pessoa que ama os holofotes, gosta de sair na foto, de estar na mídia autointitulado-se um “destruidor de imagens” ou o “rei da difamação”, e acha o máximo. E para isso, vale qualquer coisa. Principalmente mentir. Muito. O ex-sindicalista não se constrange em dizer isso a tudo mundo, como se fosse uma qualidade louvável. Ele concedeu entrevista à revista Época (29/05/2006), vangloriando-se de ser um difamador e um profissional da produção de dossiês, um perito da maledicência.
E a Veja, como ele, parece não estar mais dando muita bola para a própria credibilidade. O desserviço que a revista presta aos leitores e à sociedade usando como fonte um indivíduo que passou a maior parte da vida inventando fatos para se promover e para prejudicar quem quer que cruzasse seu caminho, é descer demais o nível. Que a publicação assume posição antilulista e antipetista, todo mundo já sabe. Mas a Veja mancha sua história gravemente quando tenta transformar um caráter anômalo como Cinchetto em um informante confiável para atacar seus alvos ou desafetos.
Cinchetto virou a Lurian da Veja.
Não é possível conceber a ideia de que os jornalistas da Abril não deram nem uma olhadinha no Google para se informar sobre ele e suas declarações. Não é possível que a Veja esteja abrindo mão do bom jornalismo e da imparcialidade em detrimento de sua antiga respeitabilidade e reputação. E não é a primeira vez que o alcaguete dá o desprazer de sua cara nas páginas da revista, sempre com suas “denúncias bombásticas”, e quase sempre em entrevistas ao mesmo jornalista, Policarpo Junior, desde 2001.

Perna curta

Artigo publicado pelo jornalista Leandro Fortes na Carta Capital (17/08/2010) comprova uma das muitas mentiras que Wagner diz para ficar em evidência na mídia e, possivelmente, tentar prejudicar todos aqueles para quem já prestou seus condenáveis serviços.
Fortes contesta a informação de Cinchetto sobre a participação do PT no caso da construtora Lunus, empresa de propriedade de Roseana Sarney, onde foram encontrados 1,3 milhão de reais em plena campanha eleitoral de 2002 para a presidência da República. E se vale de um bom argumento: era repórter do Jornal do Brasil, em Brasília, e foi destacado para descobrir os bastidores da ação policial que, segundo ele, “inusitadamente, havia sido comemorada tanto pelo Palácio do Planalto como pela oposição petista”. Ou seja, é uma testemunha ocular, presente, confiável. “O depoimento do tal sindicalista Wagner Cinchetto à revista Veja, como parte da série ‘grandes entrevistas de dedos-duros do mundo sindical’, tem a pretensão de transformar fatos concretos e apurados numa versão aloprada baseada, unicamente, nos valores invertidos do mundo bizarro em que se transformou boa parte da imprensa brasileira. Trata-se de caso explícito de abandono completo da regras básicas do jornalismo, mesmo a mais primária, a de pesquisar, com um google que seja, aquilo que já foi escrito a respeito”, diz o jornalista da Carta Capital em seu texto.

Mente doentia

Outro exemplo das artimanhas do ex-sindicalista nos é apresentado pelo jornalista Jeferson de Andrade, em artigo publicado no Observatório da Imprensa (17/05/2005). O texto, intitulado “Em minha defesa”, conta as presepadas de Cinchetto em Paraguaçu, cidade no Sul de Minas onde morou por algum tempo, depois de ter saído de fininha de São Paulo e se esconder em Machado, também no Sul de Minas. Naquele município fundou um jornal para tentar extorquir o prefeito da época, José Miguel de Oliveira, e aniquilar o mais tradicional jornal da cidade, a Folha Machadense, através de ataques pessoais e desmoralizantes, com o objetivo de impor sua presença na região, entre 1998/2000. O máximo que conseguiu foi dar calotes e mais calotes em um monte de gente.
Em Paraguaçu, Cinchetto exercitou novamente seu talento de traidor ao trabalhar para Cláudio Alvarenga, ex-prefeito da cidade, e para Nancy Alvarenga, ex-primeira-dama e, na época, prefeita do município. Depois de algumas polêmicas, tentou chantagear os dois, dizendo que denunciaria irregularidades na administração. Irregularidades, aliás, que contaram com a participação ativa do considerado “parceiro”. Jeferson e outros jornalistas do jornal O Cidadão estavam sendo processados por denunciarem a ligação de Cinchetto com a prefeitura de Paraguaçu em operações ilícitas. Ele conta: “O ex-sindicalista, ex-assessor sindicalista Wagner Cinchetto por suas ramificações com a cidade de Machado, vizinha de Paraguaçu, consegue se apresentar à prefeita Nancy Alvarenga para prestação de serviço. Ao seu feitio marginal, produz o panfleto apócrifo difamando políticos contrários à dupla Cláudio Alvarenga e Nancy (...). Com detalhes, o jornal O Cidadão faz divulgação da trama da administração Nancy Alvarenga, ex-prefeita de Paraguaçu. De tudo, resulta uma investigação pela promotoria da cidade. E é exatamente para conhecer o andamento dessa investigação criminal que Rafles Morais se contrapõe ao promotor Eric de Oliveira. Este, ao invés de investigar a figura de Cinchetto, exige do jornal O Cidadão documentações que autorizem o seu funcionamento”.
E é assim o caráter do Sr. Wagner. Mas ele não se contenta em prejudicar apenas políticos corruptos e outros da sua espécie. Jeferson de Andrade nos conta um episódio assustador, que mostra bem como funciona a mente doentia do sujeito: “Cinchetto, após tantas lambanças em São Paulo, envolvido num gigantesco processo por ter denunciado Luiz Antônio de Medeiros, hoje deputado federal, de desvio de dinheiro da Força Sindical, praticamente fugiu para a cidade de Machado (MG), terra natal da esposa. E virou fazendeiro. (...) Aconteceu de seu melhor touro aparecer doente. Chamou o veterinário que diagnosticou tuberculose. O touro teria de ser abatido imediatamente para evitar a propagação da doença não só entre os animais, como também oferecia perigo aos seres humanos que com ele lidassem. Passado certo tempo, o veterinário se encontrou novamente com Wagner e indagou: já sacrificou o touro? Resposta: Ah, que nada, era um desperdício sacrificar. Doei o touro para a festa de São Benedito e com ele o Padre fez o churrasco tradicional para os fiéis. (São Benedito é o santo padroeiro da cidade de Machado)”.

Uma vida de trairagens

Cinchetto é oriundo do lodo político. Entrou para o MR-8, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, pelas mãos de outro criminoso bem conhecido no meio sindical, Marcos Cará. Os dois se tornaram amigos íntimos e parceiros inseparáveis. Cará era uma espécie de mentor intelectual de Cinchetto. Começaram a montar uma pequena organização para assessorar sindicatos. Cará já trabalhava no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, então presidido por Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, e que era filiado à CGT – Central Geral dos Trabalhadores.
Os dois, Cará e Cinchetto, começaram a articular a eleição de Luiz Antônio de Medeiros para a presidência da entidade e, assim que foi eleito, trataram de propor algo mais ousado, a criação de uma nova central sindical, apadrinhada por ninguém menos que o então Presidente da República Fernando Collor de Melo: a Força Sindical. A dupla de malfeitores trabalhou para Collor em 1989, na campanha eleitoral contra Lula. Como todo mundo se lembra, foi uma das campanhas mais baixas e perversas já registradas e levadas a público neste país.
Com a Força Sindical a todo vapor, chegara a hora da traição a Medeiros. Cinchetto e Cará passaram a pressionar o presidente da Força Sindical a lhes dar mais e mais dinheiro em troca de seu silêncio. Como houve resistência, passaram para as famosas “denúncias”, sempre com Cinchetto se esbaldando nas capas dos principais jornais e revistas.


Vai entender...

Curiosamente, o ex-assessor fez o maior escândalo, em 1995, ao acusar Medeiros de lhe dever cerca de R$ 300 mil e que queria porque queria esse dinheiro... Mas em 2002 voltou à imprensa, já trabalhando para o PT (segundo ele), para dizer que a Força Sindical lhe oferecera R$ 3 milhões pelo seu silêncio e ele recusou. Outra mentira ou desequilíbrio mental mesmo? Pediu desesperadamente R$ 300 mil e quando lhe oferecem 3 milhões, recusou??? Em 2003, após Lula vencer as eleições, chega a hora de trair os companheiros do PT. Novas tentativas de persuasão e novas denúncias...
Até hoje Cinchetto caminha na obscuridade, em seu ambiente predileto: o esgoto sindical. Alguns sindicatos ainda sentem pena dele, um indivíduo totalmente incapacitado para arrumar um trabalho sério e doam, vez ou outra, uma cesta básica ou algum dinheiro para ele sobreviver. Mas assim que aparece um sindicalista ou político mais ingênuo, despreparado ou desesperado, o “rei da difamação” entra em ação novamente. Ele não pode evitar, faz parte de sua ignóbil natureza. E ele não vai mudar.

Recordar é viver

Em 2008, Cinchetto já não mantinha mais contato constante com Marcos Cará. Se foi ironia do destino ou mais uma de suas participações em outra manobra contra ex-parceiros, não é possível dizer. Mas seu ex-guru, ex-companheiro do MR-8, seu mentor intelectual e melhor amigo Marcos Cará foi vergonhosamente e pateticamente apanhado em flagrante, com sua esposa, a advogada Katia Gomide, na sede do Sindicato dos Motoristas de Campinas, tentando extorquir R$ 600 mil da empresa Master Saúde, que trabalhava com planos de saúde (clique AQUI para assistir ao vídeo). A voz de prisão foi exibida em todos os telejornais, em rede nacional. Eles exigiam o valor em troca de manipularem a categoria profissional em assembleia para votar a favor do convênio entre a Associação das Empresas Permissionárias de Ônibus (Transurc) e a empresa de saúde. Caso contrário, deflagariam uma greve no transporte, prejudicando cerca de 1,5 milhão de pessoas. Quando o casal finalmente pensou que o golpe tinha funcionado, a polícia e a imprensa invadiram a sala onde estavam também o tesoureiro da entidade, Gabriel Francisco Souza, R$ 100 mil, que seriam a primeira parte do acordo, e uma maleta vazia. A advogada Katia Gomide teve duas emoções fortes naquele dia: a primeira ao ver a maleta com os R$ 100 mil (“Tem que tirar uma foto”...) e outra com a voz de prisão (“O senhor vai me algemar, o que é que eu fiz?”).
Esta é uma amostra da escolinha frequentada por Wagner Cinchetto, onde ele se formou. No entanto ele continua livre, leve e solto, teve mais sorte que seu professor. Talvez seja porque publicações como a Veja dão notoriedade e até uma certa blindagem para personagens como esse. O homem vive confessando crimes e mais crimes, publicamente, em nível nacional. Mas, sob a nobre aura da “denúncia”, só os outros são questionados. Ele não. Ou talvez ele mesmo acredite tanto no que diz, que acaba convencendo todo mundo, inclusive a Justiça. Em outra entrevista à Veja (não bastou aquela), em 19/08/2010, ele se defende disparando para todos os lados: “Não sou bandido nessa história. Pelo amor de Deus. Bandidos são eles. Eles querem me sufocar, pegar o Wagner para Cristo. São eles que se envolvem em corrupção, são eles que produzem seus próprios dossiês”.

Em tempo – Apesar de tudo, o casal Cará/Gomide foi inocentado este ano pelo juiz da Terceira Vara Criminal de Campinas (primeira instância), conforme informação de O Globo e reproduzido pelo jornal O Imparcial Online. Como vemos, o aplicado Cinchetto não tem muito com que se preocupar. Portanto, se ele agora estiver trabalhando para algum lado nestas eleições (como parece ter ficado claro, graças à Veja), um deles poderá ser a próxima vítima de suas trairagens. E Policarpo Junior e a Veja estarão lá para registrar novamente, prestigiando o Sr. Cinchetto.

MEDIA CRITICISM - Eleições 2010

A peleja do candidato contra o número 63 Ação movida por vereador contra jornal alfenense não deu muito certo; Folha do Lago propõe, em editorial, lei específica para atuação da imprensa

A capa original da edição 63 do jornal alfenense Folha do Lago e, ao lado, fac-símile do editorial publicado pelo jornal, na mesma edição. Erick Vizoki O vereador alfenense Sander Simaglio Maciel (PV), atual candidato a deputado federal pelo seu partido, entrou com um pedido judicial para que os jornais da cidade de Alfenas (MG) publicassem decisões da Justiça Eleitoral sobre sua candidatura e o resultado de uma ação movida contra ele. Ganhou. E os jornais tiveram que acatar. Em seu site de campanha, o candidato fez questão de capitalizar sua merecida vitória, particularmente sobre o jornal Folha do Lago, em dois links (Notícias/mais notícias), com os títulos "Jornal é obrigado a cumprir decisão da Justiça Eleitoral" e "Jornalista faz retratação pública em favor do vereador Sander Simaglio". A edição a que Simaglo se refere, em sua página online, circulou a partir do sábado 14 deste mês (Ed. nº 63), e as informações divulgadas sobre a decisão estão corretas, em todos os números e informações. Sander está bem assessorado. Mas há omissão de informação, o que não pode ser considerado mentira, e ninguém pode responsabilizar seu assessor por omitir informações (que acabam sendo publicadas pela imprensa) a mando de seu chefe... Nessa tal edição número 63 da Folha do Lago, o semanário cumpriu duas decisões judiciais, de uma só vez, em favor do vereador-candidato, enviadas por e-mail e em nome da Juíza Eleitoral Adriani Freire Diniz Garcia, datado de 04 de agosto de 2010. A primeira decisão favorável a ele diz respeito à publicação do deferimento da candidatura de Sander Simaglio para pleitear a vaga de Deputado Federal, proferido pela juíza Luciana Nepomuceno, do TRE-MG, em 25 de julho deste ano. O comentário no site de Sander sobre a situação: "Com o deferimento do registro de candidatura pelo TRE-MG provado está que o vereador Sander Simaglio é um candidato ‘ficha limpa'". Ok... Mas texto no site não diz que a decisão também incluía a divulgação do nome do partido, número, "e com a opção de nome SANDER SIMAGLIO". A nenhum jornal aos quais foram expedidas cópias da decisão da Justiça Eleitoral de Alfenas, para publicação dessa decisão judicial, foi enviado outro comunicado para que se publicasse também o deferimento das candidaturas dos outros participantes oficiais destas eleições. Além disso, o próprio jornal Folha do Lago já havia publicado, na edição nº 62 (07/08/2010), o nome de todos os postulantes, oficializados pelo TRE, como também seus partidos, assim como outros veículos da cidade. A segunda decisão foi que os jornais também deveriam publicar informação sobre o "ARQUIVAMENTO do procedimento administrativo que determinou a retirada da fotografia do candidato da placa promocional instalada em rua da cidade de Alfenas, por decisão de 29.07.2010 da Juíza Auxiliar do Tribunal Eleitoral do Estado de Minas Gerais, Áurea Maria Brasil Santos Perez (...)". E os jornais alfenenses publicaram, por determinação judicial, a informação de que Sander Simaglio era candidato a deputado federal, pelo Partido Verde, sob o nº 4363 (!), e que sua foto em outdoor para ilustrar a divulgação de um grande evento, criado e organizado por ele, em período eleitoral do qual ele participa como candidato, não era propaganda eleitoral. Publicaram, de graça. Mas a Folha do Lago sofreu um golpe a mais, na mesma semana. Coincidentemente, o jornal teve que publicar também, por acordo firmado na Justiça Eleitoral, "texto se retratando de uma nota, na qual afirmou que o vereador Sander Simaglio foi agraciado com a Medalha 'Presidente Tancredo Neves', Colar Grau Ouro, outorgada pelo Instituto Tiradentes, mediante 'uma pequena contribuição financeira'” (conforme divulgado no site do candidato, acompanhado de um fac-símile da publicação). O acordo ainda previa a entrega de 2 mil exemplares do jornal ao advogado de Simaglio até as 11h do sábado 14/08. O acordo não estipulava, no entanto, qual seria a destinação desses 2 mil exemplares. Só que nessa mesma edição, a 63ª da Folha do Lago, o jornal reagiu denunciando, em sua manchete, uma possível propaganda eleitoral subliminar do candidato Sander Simaglio durante sua tradicional Parada do Orgulho LGBTTS, que reuniu, segundo a imprensa local, cerca de 20 mil pessoas. Se é que se pode chamar de propaganda subliminar um banner com os dizeres "VOTE CONTRA A HOMOFOBIA", pendurado na frente de um trio elétrico, com dançarinas e gogoboys, música muito animada e com um candidato a deputado em cima, comandando tudo isso. A 63 também saiu com um editorial onde defendia uma legislação específica para o trabalho da imprensa, lamentando o fim da Lei 5.250/67, ao invés de sua revisão, e as disparidades legais consequentes dessa decisão do STF. Não se sabe ao certo se as 2 mil edições do número 63 da Folha do Lago entregues ao advogado do candidato foram distribuídas e, se foi, onde e para quem? Na minha leiga opinião, essa refrega entre o candidato Sander e o jornal Folha do Lago resultou numa sinuca: Sander não conseguiu sua propaganda gratuita a contento e o jornal não conseguiu divulgar sua denúncia como deveria.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cinema

Toy Story 3: me desculpem, somos pioneiros, mas eles têm dinheiro e talento Animação da Disney/Pixar trata brincadeira de criança como gente grande

Erick Vizoki O que os inventores norte-americanos irmãos Wright e “Toy Story” têm em comum? Os dois são uma balela americana. Tanto os primeiros como o segundo viraram mitos americanos de pioneirismo. Os irmãos Wright são considerados pelos seus compatriotas os pais da aviação, os primeiros homens a colocarem nos céus um artefato mais pesado que o ar, os inventores do avião. O resto do mundo sabe que não é verdade, que o mérito foi do brasileiro Santos Dumont. O lendário 14 Bis decolou por conta própria em 23 de outubro de 1906, enquanto o vôo dos Wright nunca foi registrado, a não ser por eles mesmos, em diário próprio, por volta da mesma época. A animação da Disney/Pixar “Toy Story” (1995) foi aclamada, em seu lançamento, como o primeiro longa-metragem produzido totalmente com tecnologia digital, hoje conhecida como animação computadorizada, ou CGI (Computer Generated Imagery). O resto do mundo não sabe, mas não é verdade. E isso graças aos brasileiros, que nunca souberam valorizar os talentos que têm. O primeiro longa-metragem totalmente computadorizado foi produzido no Brasil e se chamou “Cassiopéia”, dirigido por Clóvis Vieira, e foi lançado em abril de 1996. Só que sua produção começou em janeiro de 1992. A partir de janeiro de 1993 foi iniciado o processo de animação. O trabalho de geração de imagens terminou em agosto de 1995. A trilha sonora foi completada em dezembro de 1995. A primeira cópia ficou pronta em janeiro de 1996. Só que não dá pra comparar uma produção feita por uma equipe de três diretores de animação e onze animadores, trabalhando em 17 microcomputadores 486 DX2-66, que custou “apenas” US$ 1,5 milhão, e que levou quatro anos para ser produzido, com uma produção da Disney e da então iniciante Pixar, que investiram US$ 50 milhões quando souberam da produção brasileira. Qual a diferença entre os irmãos Wright e “Toy Story”? “Toy Story” decolou, por conta própria. Preconceitos à parte Apesar de tudo, a primeira aventura da turma de Woody e Buzz Lightyear tem só méritos. Não é porque foi uma superprodução, para a época, que é apenas deslumbre e entretenimento. E não é à toa que a Pixar se consagrou como produtora de ponta de animações computadorizadas. Este “Toy Story 3” (idem, EUA, 2010), que teve lançamento mundial no dia 18 de junho, é tão maravilhoso quanto o longa que deu origem à trilogia (que não estava programada, diga-se de passagem). Desconsiderando-se o falso pioneirismo da animação puramente computadorizada, o argumento e roteiro encantam a todos, das crianças que, se não entenderam a mensagem do filme, pelo menos se identificaram, aos ex-crianças que dormiam abraçados com seus brinquedos na cama. Passaram-se quinze anos desde o primeiro episódio e a nova, e anunciada última sequência, respeitou a linha do tempo. Agora Andy, o dono dos brinquedos entre os quais Woody era o mais querido, seguido pelo astronauta Buzz Lightyear, é quase um adulto a caminho da faculdade e já não curte mais essas coisas de criança. Não que perca a doçura e a fantasia, mas ele cresceu, como todos nós crescemos. Não quero me estender fazendo a sinopse do filme, pois acredito que todos já estão fartos de saber, afinal marketing é o que não falta para uma produção cinematográfica candidata a recordes de bilheteria. Candidata vencedora, deve-se acrescentar. Em seu lançamento, nos EUA, “Toy Story 3” liderou as bilheterias nas 4 mil salas em que foi exibido e conquistou o maior faturamento da Pixar: US$ 109 milhões num único fim de semana. No mundo todo, segundo a revista estadunidense Variety, a produção abocanhou US$ 153,8 milhões. O último maior êxito da produtora foi “Os Incríveis” (2004), que faturou US$ 70,5 milhões. Assim, mesmo passados quinze anos, e aqueles que assistiram o primeiro filme eram ainda crianças ou adolescentes, não deixarão de se encantar, pois esta nova aventura foi feita e pensada também para adultos. Tem até passagens meio sombrias, de suspense, e até tristes (mesmo), mas entremeadas com o já consagrado humor da franquia. Há referências em várias críticas especializadas ao clássico “Os brutos também amam” (1953), por causa da sequência final. Enfim, uma trilogia concluída com chave de ouro, onde cada episódio vale a pena, em uma sequência que faz sentido e que respeita a inteligência e o bom gosto do público. Seja de que idade for. SERVIÇO Toy Story 3 (Toy Story 3, EUA, 2010) Gênero: Animação Direção: Lee Unkrich Elenco (vozes): Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Ned Beatty, Don Rickles, Michael Keaton CURIOSIDADES • Em 15 de janeiro de 2010, o último dia para muitos das 58 pessoas da equipe de animação, o diretor Lee Unkrich liderou uma mini-marcha pelo estúdio composta de duas caixas, dois bumbos, dois macacos gigantes e um Yeti. • 17 animadores de Toy Story 3 também trabalharam na animação de Toy Story 2. Quatro animadores trabalharam na animação de todos os três filmes de Toy Story. • 92854 storyboards foram desenhados durante a produção e, deles, mais ou menos a metade (45516) foram levados ao departamento editorial. O departamento transformou esses storyboards em oito diferentes seleções que foram mostradas para especialistas enquanto o filme estava em desenvolvimento. • Há 302 personagens ao todo no filme. • Há mais de 300 adesivos no quarto de Andy. • Algumas peças de arte penduradas nas paredes do quarto de Andy foram criadas pela coordenadora de arte de Toy Story 3, Erin Magill, quando estava no colégio. • No mural de Andy, encontramos um cartão postal de Carl e Ellie, do longa-metragem “UP: Altas Aventuras“. • Andy tem um pôster pendurado em uma das paredes do seu quarto onde se lê “P.U.”. P.U. quer dizer Pixar University (Universidade da Pixar), um programa de desenvolvimento profissional para os funcionários do estúdio. • Os alfinetes no mapa do quarto de Andy correspondem às cidades natais dos membros da equipe de Toy Story 3. • Em cima do armário de Andy há uma placa da W. Cutting Blvd., a rua onde se localizava a sede original da Pixar. • Escondido no quarto de Andy, há uma dica para um novo personagem de Carros 2, que será lançado no próximo ano. Veja o cartaz dois cartazes de carros que aparecem no filme, que podem ser do personagem Finn McMissile. • Falando em Carros, um dos garotinhos da creche Sunnyside veste uma camiseta que faz referencia ao personagem Relâmpago McQueen. • Além da referencia ao personagem Relâmpago McQueen, durante o filme encontramos mais dois personagens de Carros e um de Procurando Nemo. • Um dos adesivos no quarto do Andy faz referencia ao animado da Pixar Animation Studios, “Newt“, que foi cancelado recentemente. • Vocês notaram a marca das pilhas do Buzz Lightyear? Elas são da Buy n Large, mesma empresa que que criou o robozinho WALL•E. • O número A113, que se refere à sala onde John Lasseter, Brad Bird, Pete Docter e Andrew Stanton estudaram na CalArts, aparece em todos os filmes da Pixar. Apesar dos anos que se passaram, a mãe de Andy não mudou a placa do seu carro, que permanece A113. Porém, Em Toy Story 3, a mãe de Andy tem uma nova placa onde se lê “Tiger Pride,” que se refere a Chagrin Falls, Ohio, cidade natal do diretor Lee Unkrich e do seu mascote do colégio, Tiger. • O caminhão do Pizza Planet, que fez a sua primeira aparição no Toy Story original, já apareceu em quase todos os filmes da Pixar. Ele também aparece em Toy Story 3, proporcionando uma passeio atribulado a alguns brinquedos. • Sid, o garoto que gostava de destruir seus brinquedos em Toy Story cresceu e também faz uma aparição em Toy Story 3, usando a sua famosa camiseta de caveira. Sid é dublado por Erik Von Detten, de 27 anos, que dublou o mesmo personagem aos 13 anos no primeiro filme. Fonte: www.planetadisney.net Assista ao trailr de “Toy Story 3” http://www.youtube.com/watch?v=NzcdlwrztE8&feature=related

terça-feira, 8 de junho de 2010

CINEMA

De Robin em Robin chegamos a mais um...
Ridley Scott inova e se antecede à lenda do (ainda não) ladrão de Sherwood


Erick Vizoki

Robin Hood é um daqueles personagens que ficam no imaginário popular e acabam recebendo as mais variadas interpretações e adaptações até mesmo no cotidiano de muita gente.

A lenda do habilidoso arqueiro que roubava dos ricos para dar aos pobres, criada no século XIII e que vivia na floresta de Sherwood até hoje é influência e motivo de justificativa até para péssimas atitudes (como tirar algo de alguém só porque ele tem sobrando...).

O Robin Hood das telas já foi uma raposa em animação da Disney, um gângster de Chicago vivido por Frank Sinatra, uma moça (!), uma criança japonesa (!!) e até um ladrão que vivia no espaço (!!!).

Agora a lenda do arqueiro mais famoso de todos os tempos volta às telas de cinema na pele do ator neozelandês Russel Crowe, em sua quinta parceria com o diretor inglês Ridley Scott. Tanto ator como diretor têm uma respeitável folha de serviços em Hollywood. O primeiro já abocanhou um Oscar de Melhor Ator por Gladiador (2000) e foi indicado por mais dois papéis em O Informante (1999) e Uma Mente Brilhante (2001). O segundo é responsável por produções marcantes, entre elas Alien, O Oitavo Passageiro (1979) e o cult Blade Runner, O caçador de Androides (1982), além de Thelma e Louise (1991), 1942 – A Conquista do Paraíso (1992), Gladiador (2000), e Hannibal (2001), entre outros. O filme conta também com nomes como Cate Blanchett, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em O Aviador (2005), e do sempre ótimo Max von Sydow, no papel de Sir Walter Loxley, uma de suas melhores atuações em muitos anos.

Como não podia deixar ser, Ridley Scott privilegia as (ótimas) cenas de ação e a direção de atores, mas também faz questão de impor sua marca. Assim como em Gladiador, o diretor se vale do contexto histórico para contar uma história possível, apesar de ser uma lenda.

Em Robin Hood (Robin Hood, EUA/Reino Unido, 2010), Robin Longstride (Crowe) é um arqueiro no exército do rei Ricardo Coração de Leão. Um acaso o coloca de posse da coroa do rei morto e da espada de um de seus cavaleiros, Robert Loxley, que ele promete devolver ao pai deste, Walter (Max von Sydow). A devolução de uma espada valiosa, que poderia muito bem ter guardado para si, fará com que Robin se veja numa situação singular: a pedido de Walter Loxley, vai se passar por seu filho e, portanto, também por marido da viúva de Robert Loxley, Lady Marion (Blanchett). Ali, Robin descobre sua própria história e, com a ajuda de Loxley, relembra a morte prematura de seu pai. A descoberta da trágica história de sua família faz surgir os primeiros lampejos do que viria a ser o mito. Entretanto, esqueçam o Robin Hood da Disney e de Errol Flynn, aquele simpático e “honesto” ladrão vestido de verde ao lado de seus alegres companheiros João Pequeno e Frei Tuck, às voltas com pequenos roubos na floresta de Sherwood. O personagem interpretado por Russel Crowe é inserido meio que na realidade de uma Inglaterra da Idade Média miserável, saqueada por um monarca ambicioso e influenciável, o Príncipe João Sem Nome, que cobra impostos imorais e que sofre por causa da corrupção de um xerife tirânico.

Nesse contexto, o diretor insere o personagem fictício em fatos reais: Robin terá papel decisivo na derrota de uma força francesa que chega por mar, um episódio que realmente aconteceu no fim do século XII e no qual, é óbvio, o arqueiro jamais teve alguma participação. Percebemos, então, que o Robin Hood de Ridley Scott não tem muito a ver com os outros “Robins” fartamente explorados nas telas (apesar de algumas “bizarrices”, conforme relação abaixo). Nesta produção, o personagem ainda não é o famoso ladrão.

Mas o filme termina no exato momento em que ele se torna um fora da lei e finalmente começa a criar seu grupo de “alegres camaradas”. Fica clara a brecha para uma continuação, que pode acontecer ou não. Isso deve depender da resposta do público. Nesse caso, o diretor já tem preparado para Robin outra interferência na história dos ingleses: o ladrão de Nottingham é quem forçará o rei João a assinar a Magna Carta, o que na verdade ele fez, em 1215, para aplacar uma nação à beira da guerra civil.

SERVIÇO
Robin Hood (Robin Hood, EUA/Reino Unido, 2010)
Gênero: Aventura
Direção: Ridley Scott Elenco: Russel Crowe, Cate Blanchett, Max von Sydow, William Hurt, Mark Strong
Duração: 148 minutos
Faixa etária: 12 anos

Assita ao trailer de Robin Hood

http://www.youtube.com/watch?v=EZU1AfNDGds

Os vários Robin Hood

- Robin Hood and His Merry Men (1908)
Primeira aparição do rei dos ladrões nas telas, hoje é considerado um filme perdido.

- Robin Hood (1922)
Filme mudo estrelado por Douglas Fairbanks, foi uma das produções mais caras da década de 20. O primeiro filme a apresentar o arqueiro como o conhecemos hoje.

- The Adventures of Robin Hood (1938)
As Aventuras de Robin Hood, estrelada por Errol Flynn, é uma das mais conhecidas adaptações do rei dos ladrões. Recebeu 3 Oscars (Melhor Direção de Arte, Montagem e Trilha Sonora Original), além de ter sido indicado ao prêmio de Melhor Filme.

- The Story of Robin Hood and His Merrie Men (1952)
Walt Disney não podia ficar de fora e, em 1952, lançou a primeira versão Disney sobre o rei dos ladrões, um musical estrelado por Richard Todd.

- Robin and the 7 Hoods (1964) A primeira adaptação de Robin Hood fora de seu contexto lendário, o (anti) herói agora está na Chicago da década de 30 e é interpretado por Frank Sinistra. Gangues de rua, gansters e violência. Obviamente, trata-se de um musical.

- Rocket Robin Hood (1966-1969) Provavelmente a maior bizarrice com a grife Robin Hood. Uma série animada canadense em que Robin Hood vive no espaço sideral. E ele se chama isso mesmo: Rocket Robin Hood.

- Robin Hood (1973) A adaptação mais conhecida da lenda britânica, a animação da Disney marcou a infância de muita gente e popularizou definitivamente o personagem no mundo todo. Foi o segundo longa animado feito depois da morte de Walt Disney, no período de menor criatividade da história do estúdio. O filme sofreu com um orçamento muito baixo, o que obrigou os animadores usarem cenas já existentes de outros clássicos Disney para compor algumas sequências de Robin Hood.

- Young Robin Hood (1991-1992) Série animada produzida pela dupla Hanna-Barbera. Não é muito conhecida nem muito boa, mas vale o registro.

- Robin Hood no Daibōken (1990-1992) Outra esquisitice da relação: um anime (animação japonesa) sobre o rei dos ladrões! A série possui 52 episódios e apresentava Robin como uma criança.

- Robin Hood: Prince of Thieves (1991) Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões, estrelado por Kevin Costner, é um daqueles ame ou odeie. O filme fez bom sucesso de público, mas não agradou muito a crítica. Entre os méritos estão as ótimas atuações de Morgan Freeman e Alan Rickman e pela famosa sequência da câmera na flecha.

- Robin Hood (1991) Concorrente de baixo orçamento do blockbuster citado acima, essa adaptação não é muito conhecida, mas vale ser lembrada. Conta com Patrick Bergin e Uma Thurman (!) no elenco e mostra uma história um pouco mais realista da lenda de Robin Hood.

- The New Adventures of Robin Hood (1997-1998) Série contemporânea e nos mesmos moldes de Hércules: A Lendária Jornada e Xena: A Princesa Guerreira. Teve 52 episódios, dois atores interpretando o protagonista e não conseguiu tanto reconhecimento.

- Princess of Thieves (2001) Filme para TV que trazia Robin Hood como uma garota, interpretada por Keira Knightley, muito antes de se tornar pirata e conhecer Jack Sparrow.

- Robin Hood (2010) E finalmente, os parceiros de Gladiador se juntam novamente para trazer uma "nova" história de Robin Hood para as telas. Fonte: Blog Isto Era

segunda-feira, 24 de maio de 2010

CINEMA


Em 3D, “Fúria de Titãs” deixa público furioso Produção é refilmagem de clássico dos anos 80 e volta mais violento e sombrio
Perseu enfrenta a mitológica Medusa, que tinha serpentes na cabeça e olhar literalmente "petrificante".

Erick Vizoki 
Quem já tem por volta de 30 anos de idade, provavelmente assistiu, seja no cinema ou na velha Sessão da Tarde, “Fúria de Titãs” e, provavelmente, nunca esqueceu. O filme de 1981, apesar dos pesares, foi alçado à categoria de clássico, mesmo que quase não merecesse (o “quase”, explicarei mais adiante). O remake do épico mitológico grego estreou na sexta-feira 21, em circuito nacional. 

A história de “Fúria de Titãs” (Clash Of Titans, EUA/Reino Unido, 2010) segue a mesma linha de seu antecessor: Perseu (Sam Worthington), filho do deus Zeus (Liam Neeson), é criado entre os mortais e tem sua família consumida por Hades (Ralph Fiennes), o deus do inferno. Assim, Perseu inicia sua batalha contra os deuses, se unindo a Io (Gemma Arterton), sua guia espiritual, ao guerreiro Draco (Mads Mikkelsen) e ao rei-fera Acrisius (Jason Flemyng), na tentativa de salvar sua amada Andrômeda (Alexa Davalos), que deverá ser sacrificada para que os deuses do Olimpo não enviem o terrível monstro Kraken para destruir a cidade de Argos. Dirigido por Louis Leterrier (“O Incrível Hulk”), a produção da Legendary Pictures para a Warner Bros. tenta o que todo remake tenta: superar o original, com promessas de mais ação, mais efeitos especiais e de adequar a obra aos dias atuais. Tudo isso sempre com as melhores intenções, dizem roteiristas, diretores e produtores. 

No quesito ação, efeitos especiais e belas cenografias, o público está bem servido. Como no original dirigido por Desmond Davis, este também deverá ter bastante futuro nas futuras “Sessões da Tarde”, com as novas telinhas HD. Para garantir (ou pelo menos tentar) uma adaptação mais ao gosto da geração “Mortal Kombat” e “Senhor dos Anéis”, o roteirista escolhido foi o novato Travis Beacham, que está entre os que prometeram um tom mais sombrio à reedição do clássico de 1981. 

Mas o filme, por falar em deuses, comete seus pecados. O maior deles é trocar talento e dedicação cinematográfica pela avalanche, cada vez mais comum, de efeitos visuais impressionantes, muito movimento, bastante gosma e os indispensáveis clichês do tipo “não encarem a vadia!”, na sequência onde os heróis enfrentam a mitológica Medusa. E há outro agravante, ainda maior, mas aí a culpa pode ser da megaprodução “Avatar”, que foi concebido para ser exibido em 3D, mas que se deu bem também na versão 2D: Leterrier fez o caminho inverso, produzindo o filme em 2D e depois, devido ao assombroso sucesso do filme de James Cameron, o converteu para 3D, e nesse tipo de exibição deixou o público fulo da vida com o péssimo resultado. Por isso, prefiram a versão tradicional, em 2D, para não passarem raiva. 

Na atuação, à frente do grupo dos bonzinhos está Sam Worthington, o carismático alien azul de Avatar, em mais uma interpretação insossa. Os únicos dois nomes que teriam chances de salvar o filme da negligência total, em termos de boa atuação, seriam Liam Neeson (“A Lista de Schindler”) e Ralph Fiennes (“Harry Potter e o Enigma do Príncipe”), atores experientes que não foram bem aproveitados pelo diretor Leterrier. Enfim, nunca será um clássico como a água da fonte em que bebeu. 

Fim de uma era, começo de outra

 
As lendárias criações de Harryhausen: à esquerda o ciclope de "A 7ª Viagem de Sinbad"; à direita, a famosa sequência de luta com esqueletos em "Jasão e o Velo de Ouro". 

Chegamos às inevitáveis comparações entre remake e original. Se na nova produção falta atuação e sensibilidade, no velho “Fúria de Titãs” (Clash Of The Titans, EUA, 1981) elas transbordavam. Para começar, apenas um nome era suficiente para conjugar gerações diferentes de cinéfilos nas salas escuras: Lawrence Olivier, no papel de Zeus, claro. 

O ator, especializado em papéis shakespearianos, garantia a ida dos adultos apreciadores de bons filmes ao cinema, e o argumento e efeitos especiais traziam a garotada. Além dele, pelo menos mais dois nomes competentes destacavam-se no cartaz do filme e na tela: Ursula Andress (“007 Contra o Satânico Dr. No”), interpretando Aphrodite, e Maggie Smith (atualmente a Profª. Minerva, da série Harry Potter), como Thetis. A trama também envolvia todos os personagens, em um núcleo Zeus-Perseu-Hades. 

Na nova investida, os deuses são quase coadjuvantes. Mas o grande nome, de fato, no filme original, não aparecia na tela. Ele não, mas a sua participação era o verdadeiro espetáculo. Trata-se de um lendário profissional de cinema, o animador especializado na técnica stop motion, Ray Harryhausen. 

A animação stop motion consiste em dar vida a objetos inanimados filmando-os quadro a quadro: para cada segundo de filmagem são necessários 24 fotogramas em sequência para causar a ilusão de movimento. E Ray Harryhausen reinou absoluto em sua época nessa técnica. Nascido em 29 de junho de 1921, ainda criança Ray ficou fascinado pelo trabalho de Willis O’Brien, responsável pelos efeitos especiais de “King Kong” (1933). A partir daí decidiu seguir a mesma carreira e tornou-se o profissional mais requisitado de Hollywood para efeitos especiais em filmes que tivessem criaturas bizarras e monstruosas. 
Entre os grandes filmes que animou estão clássicos como “Jasão e o Velo de Ouro” (Jason and the Argonauts, 1963), “A Viagem de Ouro de Simbad” (The Golden Voyage of Simbad, 1973), e “Simbad e o Olho do Tigre” (Simbad and the Eye of the Tiger, 1977), todos com animações fantásticas para uma época em que a animação computadorizada ainda nem sonhava em existir.

Mas Harryhausen também colocou seu talento a serviço da mediocridade, como em “Mil Séculos Antes de Cristo” (One Million Years B. C., 1966), que também foi exibido na TV com o título “Quando os Dinossauros Dominavam a Terra”. Este filme, apesar de bem feito e com a grife Harryhausen, mostrava duas tribos de homens pré-históricos que lutavam entre si: uma de homens e mulheres morenos, sujos e violentos e outra de pessoas loiras, de olhos claros, limpinhos e bonzinhos. Dada a época, só faltou uma bandeirinha para a tribo loira com os dizeres “Nós somos os ancestrais dos americanos”, e na dos morenos, “Outros”. Além disso, a história colocava homens e dinossauros convivendo na mesma época, numa espantosa barbeiragem arqueológica. 
Fúria de Titãs” foi o último trabalho do animador para o cinema. As belas sequências de vôo do cavalo alado Pégaso, a simpática corujinha mecânica Bubo (outro item para atrair a petizada aos cinemas), a sombria Medusa e o monstro Kraken ficaram na memória de crianças e adultos, que se deslumbraram na ocasião, apesar do mesmo roteiro chinfrim e de George Lucas já ter boquiaberto o mundo com sua “Guerra nas Estrelas”. Seu trabalho ainda é reverenciado por diretores como Steven Spielberg, George Lucas, Tim Burton e James Cameron, entre outros. O que faltou nesta “Fúria” de 2010, foi justamente a sensibilidade e a dedicação que existia em um tempo em que fazer cinema também envolvia paixão e talento, mesmo que fosse para puro entretenimento. 

SERVIÇO 
Fúria de Titãs (Clash Of Titans, EUA/Reino Unido, 2010) 
Direção: Louis Leterrier 
Elenco: Sam Worthington, Pete Postlethwaite, Mads Mikkelsen, Gemma Arterton, Alexa Davalos, Ralph Fiennes, Liam Neeson. 
Gênero: Aventura 
Duração: 118 min. 
Distribuidora: Warner Bros.

Assista ao trailer de "Fúria de Titãs"http://www.youtube.com/watch?v=4F9Oc5e4B8oAssista ao trailer de "Fúria de Titãs" (1981)http://www.youtube.com/watch?v=toy7sDPoMKs