segunda-feira, 1 de junho de 2009

LIVROS


Herança de memórias caboclas
Erick Vizoki

O pequeno município de Tatuí (nome de origem Tupy-Guarani que significa “Água do Rio do Tatu”), interior de São Paulo, com pouco mais de 100 mil habitantes e a 126Km de distância da capital paulista, tem como principal referência o seu filho mais nobre, o escritor Paulo Setúbal, autor do clássico “Alma Cabocla”, entre outros marcos de nossa literatura como “A Marquesa dos Santos”.
Setúbal se empenhou, durante toda sua vida literária, em ressaltar a pureza e as belezas de nosso Brasil interiorano, nuances perceptíveis apenas para aqueles que vivem e respiram essas terras e que o grande escritor transmitiu, com rara sensibilidade, aos quatro cantos do país e ao exterior, chegando a praticamente entrar em rota de colisão com escritores modernistas. É muito comum deparar-nos, em cidades do interior, com visitantes e turistas metropolitanos comentando, em passeios por fazendas, sítios e matas, sobre “o cheiro da natureza”.
Se esses turistas tivessem lido “Onde Moram os Tatus – Um Punhadão de Estórias Caipiras” (Editora do Autor – 2008), do jornalista e escritor Ivan Camargo, acabariam percebendo que esse “cheiro da natureza” tem mais a ver com os “presentes fofos” deixados pelo jegue Carismático ao coronel Talarico do que com o cheiro do verde e da mata propriamente ditos.
E é nesse espírito jocoso e elegante que Ivan Camargo nos remete à história dessa bela cidade que é Tatuí. Ambientado no século XIX, o texto é composto de vários “causos” que se interligam e contam uma história ao mesmo tempo divertida e emocionante. Sem a pretensão de realizar um romance histórico, como fazia seu conterrâneo Paulo Setúbal, Ivan Camargo mescla fatos reais com uma ficção que beira o fantástico.
Seus caipiras são caipiras mesmo, e não caricaturas, que vivem o cotidiano tatuiense de duzentos anos atrás. A riqueza das histórias interioranas, por si só, se aproximam do sobrenatural, do estranho, bem ao gosto das regiões bucólicas brasileiras. As façanhas do “Xiru-Gato”, famoso assaltante e assassino da região, a centenária Rota do Muar, que ligava o Rio Grande do Sul ao interior de São Paulo e que ligava-se à “Peabiru”, lendária estrada indígena, a pioneira fábrica de ferro brasileira Ipanema, a moça estrangeira que se apavorou ao ver pela primeira vez um negro, entre outras curiosidades entremeadas pela narrativa descontraída de Ivan Camargo, nos dão a sensação de estar lendo um folhetim deitado numa rede, mergulhado no cheiro do capim e do café forte.
É impossível não se encantar com o jegue “Carismático” e torná-lo nosso herói, por sua simpatia e provocações ao Coronel Talarico, um fazendeiro ignorante e metido a dono da cidade; o dono do jumento, o não menos simpático tropeiro Fala-Fina; o escravo Bento Garganta, encantador de abelhas e que sonha com a liberdade; o jovem Saboroso, filho de fazendeiros, visionário, adepto dos psicotrópicos da época e que teria um destino surpreendente; e muitas outras figuras familiares em nosso folclore caboclo.
Ficamos sabendo também a origem de termos como “para inglês ver” e negociar “no fio da barba” (ou sua variação, “fio do bigode”). “Onde Moram os Tatus” é uma viagem no tempo por estrada de terra no fim da tarde. Uma viagem divertida, instrutiva e, claro, cabocla!

O autor - Ivan Camargo, residente em Tatuí, no interior de São Paulo, é jornalista, pós-graduado em comunicação social. Atualmente, trabalha como editor do jornal “O Progresso de Tatuí”. O autor tem especialização em história da arte, adaptação de obras literárias para cinema e TV e roteiro para cinema. Já escreveu diversos curtas-metragens, um longa e quatro peças de teatro.
Em 2008, somou duas distinções no II Prêmio de Literatura UBE/Scortecci. Além da menção honrosa ao livro “Onde Moram os Tatus”, foi o vencedor desse concurso nacional com a peça de teatro “O Cativeiro”.

Onde Moram os Tatus
Autor: Ivan Camargo
Páginas: 236
Editora: Edição do autor

segunda-feira, 4 de maio de 2009

MEDIA CRITICISM

Imprensa sem Lei

Por Erick Vizoki 

Desde o último dia 30 de abril (quinta-feira) a atividade jornalística brasileira não tem mais um dispositivo legal que a regule. A Lei de Imprensa (Lei 5.250/67), cunhada no auge da Ditadura Militar (1964-1985), foi totalmente revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Sete dos onze Ministros decidiram pela extinção total da Lei (considerada o último resquício do "entulho autoritário") que, segundo seu entender, colidia com a Constituição promulgada em 1988. Três ministros - Joaquim Barbosa, Ellen Gracie e o presidente da corte, Gilmar Mendes - defenderam a revogação parcial, com a manutenção de alguns artigos, como os que disciplinam o direito de resposta e a proibição de publicar mensagens racistas. Marco Aurélio Mello foi o único que defendeu que a lei continuasse em vigor. Com a extinção da lei, na prática considerada inconstitucional pelo STF, juízes de todo o país não poderão tomar decisões baseadas no texto de 1967. O julgamento de jornalistas deverá ser feito com base nos Códigos Penal e Civil. 

Direito de resposta

Após cinco horas de julgamento, a polêmica ficou por conta do direito de resposta, previsto na extinta lei entre os artigos 29 e 34. De um lado, o ministro Carlos Alberto Menezes de Direito entende que o direito de resposta já está previsto no artigo 5º da Constituição (V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem). Já o presidente do STF, Gilmar Mendes, defendeu uma norma para tratar do direito de resposta. "Não basta que a resposta seja no mesmo tempo, mas isso tem que ser normatizado. Vamos criar um vácuo? Esse é o único instrumento de defesa do cidadão." O presidente do Supremo defendia, ao lado de Ellen Gracie e Joaquim Barbosa, a manutenção de alguns artigos específicos da antiga Lei, entre eles o que tratava do direito de resposta. As penas para crimes contra a honra (injúria, calúnia e difamação), por exemplo, são mais brandas no Código Penal. Para calúnia, a Lei de Imprensa previa até três anos de detenção; no Código, o tempo máximo é de dois anos. Jornalistas e órgãos de informação também não são unânimes com relação à decisão dos magistrados. O blogueiro Luiz Weis, colaborador do site Observatório da Imprensa, propôs uma saída alternativa e momentânea enquanto durar o impasse. Enquanto o Congresso não aprovar o projeto em tramitação nesse sentido, o jornalista sugere que o Observatório da Imprensa crie uma seção específica para as contestações enviadas a qualquer órgão brasileiro de mídia que não tiverem sido acolhidas em 24 horas. “Assim, os que se consideram lesados por um meio de comunicação e cuja réplica não for publicada no devido prazo, pelo menos terão assegurado um espaço decente na internet para tornar conhecida a sua versão dos fatos”, publicou no dia seguinte à decisão do Supremo, 1º de maio. Logo abaixo da sugestão de Weis, a nota da coordenação do site: “Proposta acatada. Será criada a retranca ‘Direito de Resposta’, conforme já sugerido por um leitor. Os textos para essa seção devem ser encaminhados para o e-mail canaldoleitor@ig.com.br”.

Diploma 

No julgamento do dia 30/05 também estava prevista a discussão sobre a obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício da profissão de jornalista. Em outubro de 2001 uma liminar da juíza Carla Abrantkoski Rister, da 16ª Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo, passou a liberar a concessão de registros profissionais (MTb) para pessoas que exerçam o ofício sem formação superior, os chamados registros precários de jornalista. Tais registros geraram indignação entre os sindicatos da categoria e diversas manifestações e protestos foram organizados pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais). Desde então os registros precários tem sido invalidados e revalidados. A última decisão sobre o tema aconteceu em março de 2007, favorável aos precários. O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) publicou portaria (22/2007) revogando a anterior (03/2007), que tornava obrigatório o diploma de jornalismo. O julgamento do STF sobre a Lei de Imprensa acabou não sendo claro em relação ao diploma, pelo menos não há informações disponíveis sobre o assunto. Na ocasião, a ministra Ellen Gracie votou pela procedência parcial da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 130, mantendo em vigor alguns artigos da Lei 5.250/67. No entendimento da ministra, o artigo 220 da Constituição Federal de 1988, quando diz que nenhum diploma legal pode se constituir em embaraço à plena liberdade de informação, quis dizer que a lei que tratar dessas garantias não poderá impor empecilhos ou dificultar o exercício da liberdade de informação (§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV; § 6º - A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade). Este blog consultou o setor de Registros Profissionais da Delegacia Regional do Trabalho – SP (DRT-SP) nesta data, 04/05. A informação do órgão é idêntica à minha: nenhuma. Segundo a funcionária do DRT-SP, não há nenhuma orientação sobre o assunto e os registros precários continuam válidos e sendo emitidos normalmente.

Novas regras

O que muda com a derrubada da Lei de Imprensa? Com a alteração das regras, ações terão de ser baseadas nos códigos Penal e Civil. Como consequência, haverá mudanças nas possíveis penas a serem aplicadas. Calúnia - O que dizia a Lei de Imprensa: quem cometia calúnia poderia ser punido com detenção de 6 meses a 3 anos e multa de 1 a 20 salários mínimos. O que dizem os códigos Civil e Penal: no Código Penal, quem comete calúnia está sujeito a penas de 6 meses a 2 anos de detenção e multa. Difamação - O que dizia a Lei de Imprensa: quem difamava alguém poderia ser punido com detenção de 3 a 18 meses e multa de 2 a 10 salários mínimos. O que dizem os códigos Civil e Penal: pelo Código Penal, quem difama pode ser punido com detenção de 3 meses a 1 ano e aplicação de multa. Injúria - O que dizia a Lei de Imprensa: quem cometia injúria poderia ser punido com detenção de 1 mês a 1 ano ou multa de 1 a 10 salários mínimos. O que dizem os códigos Civil e Penal: pelo Código Penal, a pena para quem comete injúria pode ser de detenção de 1 a 6 meses ou multa. Indenização - O que dizia a Lei de Imprensa: a eventual indenização deveria ser fixada em valores que variavam de 2 a 20 salários mínimos. O que dizem os códigos Civil e Penal: o Código Civil não prevê limitação para os valores referentes a eventuais indenizações.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

MEDIA CRITICISM

Capa do livro "As Lutas, a Glória e o Martírio de Santos Dumont", do jornalista e escritor Fernando Jorge
O sexo dos anjos Pois é... Nesta semana (22 a 27 de fevereiro), por duas vezes, fui telespectador e leitor de duas baboseiras acerca de um de nossos maiores heróis, Alberto Santos Dumont. Trocadilhos à parte, duas eminências, um político federal (ou estilista-deputado) e um conceituado jornalista discutiram em público o sexo dos anjos (resguardadas as devidas comparações). Na terça-feira de carnaval, dia 24, o deputado federal Clodovil Hernandes (PTC-SP) foi o convidado de Silvio Santos no programa “Nada Além da Verdade”, do SBT. Em duas oportunidades, o maior (e único) estilista da Câmara Federal abordou, além de outras bobeiras, a questão da sexualidade e citou três “gênios homossexuais” da história universal: Leonardo Da Vinci, Michelangelo e Santos Dumont. Vindo de Clodovil, não é de surpreender. Mas... Gênio pode. Agora, homossexual??? A outra surpresa veio na página 37 da revista Veja de 25 de Fevereiro (Ed. Nº 2101), na coluna Radar, do jornalista Lauro Jardim. Sob o título “Discussão lateral”, a nota comentava sobre uma carta que estava há décadas guardada sob sigilo pela família do Pai da Aviação e que será usada como “prova da masculinidade” de Santos Dumont em uma nova biografia, de autoria de Cosme Drumond, sobre nosso maior inventor. Segundo a coluna, o livro deverá contestar a tese do americano Paul Hoffman, autor da biografia “Asas da Loucura”, onde afirma que Dumont era homossexual. Na falta de assunto, em tempos de Big Brother, discutir publicamente se fulano ou cicrano é gay ou não, sempre rende uns trocos e audiência. De fato, Santos Dumont acabou se tornando uma figura polêmica na história, acredito, pelo simples fato de ser brasileiro. Afinal, uma invenção tão genial, que mudou para sempre a história dos transportes, não poderia, jamais, partir de um indivíduo nascido em um país tão atrasado (para os parâmetros da época). Não é a primeira vez que nosso Alberto é atacado por norte-americanos. Veja-se a polêmica sobre os irmãos Wright e as críticas feitas pelo jornalista Barth Schwartz, publicadas certa vez na Folha de S. Paulo (Schwartz nasceu em Dayton, Ohio, cidade natal dos Wright) e comentada pelo jornalista Fernando Jorge em sua coluna semanal “Bate-papo com o leitor”, no Grupo JBA – Jornais Associados. E o mais engraçado é que nas rodinhas de discussão sobre Santos Dumont, o assunto principal gira em torno de sua sexualidade. Tudo porque um americano disse que ele era gay. Bem feito! Quem mandou nascer no Brasil? Ainda o escritor e jornalista Fernando Jorge, um dos mais eminentes biógrafos brasileiros da atualidade, lançou em abril de 2007, através da Geração Editorial, a 5ª edição, revista e ampliada, de sua biografia sobre Santos Dumont, “As Lutas, a Glória e o Martírio de Santos Dumont”. Ao contrário de Cosme Drumond, Fernando Jorge é um perito em biografias detalhadíssimas e fartamente documentadas. Em seu livro, Fernando Jorge menciona algumas paixões que marcaram o coração do aviador, todas do sexo feminino. Entre elas, uma cubana, Aída de Acosta, a quem o inventor ensinou a pilotar um de seus dirigíveis. Houve rumores também sobre um possível romance com uma cantora francesa e ainda um amor platônico por uma menina de 17 anos, Janine Voisin, filha do aviador francês Gabriel Voisin. Dumont, então com 53 anos, pediu a mão da moça em casamento quando, claro, não foi atendido. Vale ressaltar que essas afirmações contidas no livro de Fernando Jorge não são suposições, são fatos documentados. Por esta obra, o jornalista ganhou dois prêmios: o diploma Pioneiros da Aeronáutica, da Fundação Santos Dumont, e o diploma e a medalha Ordem do Mérito Aeronáutico, concedidos pela Comissão de Alto Nível do Ministério da Aeronáutica, durante a gestão do brigadeiro Paulo Salema Ribeiro. Além disso, a biografia de Dumont, por Fernando Jorge, é tão recheada de detalhes e documentações, que acabou servindo de base para uma cinebiografia a ser produzida em Hollywood, dirigida por Baz Luhrmann (“Moulin Rouge” e “Austrália”), cujo contrato, segundo o escritor, já foi assinado. Outras biografias menores e menos detalhadas revelam as mesmas informações. A biografia “Vida de Santos Dumont” (1935), da historiadora Ofélia Inarbal Fontes, também menciona essas paixões do filho de Cabangu (MG), município hoje rebatizado de Santos Dumont. Voltando á vaca fria, a coluna “Radar” do Lauro Jardim na revista Veja, coroar de ineditismo a constatação de que Santos Dumont não era homossexual é um exagero, para não dizer desinformação. Se por um lado o inventor mineiro não era visto em companhias femininas com frequência e nunca se casou, por outro também nunca houve qualquer boato sobre qualquer relação homossexual envolvendo nosso herói.Considero absolutamente ridícula e desnecessária uma obra, que se propõe biográfica, pautar-se focada numa correspondência que venha a provar a sexualidade de qualquer pessoa. E mesmo que fosse o caso, a homossexualidade de Santos Dumont, isso nunca o isentaria de seus méritos, de seu status de um dos maiores orgulhos de nosso País.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

SEM COMENTÁRIOS...

E eu que queira humildemente fazer minha casinha,
Lá no alto do serrado,
E só levar a Rosinha
Depois de tudo arrumado!
Me sinto tão babaca!!!!!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

QUADRINHOS

Editora Aleph lança os bastidores de Watchmen, o guia definitivo para uma das maiores HQ’s da história Watchmen é considerada por muitos como a maior graphic novel de todos os tempos. Criada na década de 80 pelo lendário escritor Alan Moore e pelo renomado artista Dave Gibbons, sua adaptação para o cinema dirigida por Zack Snyder (300 de Esparta), é a grande aposta da Warner para o primeiro semestre deste ano, com estréia prevista para 06/03. Agora chega ao Brasil em uma edição de luxo OS BATISDORES DE WATCHMEN, onde o cocriador Dave Gibbons abre o vasto arquivo da produção da série de quadrinhos, emprestando suas memórias – e artes raríssimas nunca antes publicadas – a este guia de todas as coisas de Watchmen. Dentre suas revelações estão as primeiras versões dos personagens, correspondências, notas editoriais que registram a evolução desse trabalho, rascunhos em miniatura que mostram como a complexidade da arte e do roteiro foi encaixada de forma tão perfeita. O guia inclui também conceitos descartados, origens secretas e contratempos ocasionais. Extensamente estudado por suas imagens recorrentes, seu simbolismo e pela enorme quantidade de detalhes, Watchmen finalmente recebe a atenção e a visão histórica que merece, vindas diretamente de um de seus criadores. Recheado com materiais de arquivo e belas imagens – apresentadas pelos aclamados designers Chip Kidd e Mike Essl –, OS BASTIDORES DE WATCHMEN é o guia essencial para a graphic novel original. A edição em português conta com material exclusivo, que inclui ilustrações não incluídas na versão original em inglês, notas, anotações e depoimentos. SERVIÇO Titulo: Os bastidores de Watchmen Autor: Dave Gibbons, Chip Kidd e Mike Essl Título original: Watching the Watchmen Tradução: Ricardo Giassetti Editora: AlephR$ 124,00 - 280 p. Capa Dura - 20,8 x 27,6 cm Visualize em PDF algumas páginas do livro http://editoraaleph.nethost4.biz/lists/lt.php?id=LUhUUVJUC18ZC1QYUwEDDAQ%3D Fonte: Assessoria Editora Aleph

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

QUADRINHOS


Asterix terá sobrevida, mas com nova alma

Decisão de Uderzo, desenhista original do personagem, provoca resistência de sua filha Sylvie 

Erick Vizoki

Um dos personagens de HQ mais famosos e carismáticos do mundo, Asterix, acaba de mudar definitivamente de mãos. Às vésperas de completar 50 anos (a primeira aventura do pequeno guerreiro gaulês foi publicada pela primeira vez em 1959), um dos seus criadores, Albert Uderzo, 81 anos, ao lado de Anne Goscinny, filha do outro criador e roteirista da série, René Goscinny (falecido em 1977), venderam os direitos do personagem e sua turma ao grupo editorial Hachette, em dezembro de 2008, que comprou sessenta por cento das Éditions Albert René, que detinha, desde 1979, todos os direitos sobre o universo do personagem. Não foram divulgados números da negociação, mas sabe-se que não deve ser pouco.

Segundo a revista Livres Hebdo, a Éditions Albert René atingiu, em 2007, um volume de negócios de 11,3 milhões de euros, além da exploração do Parque Astérix, na França, que tem dado sempre ótimos lucros, e adaptações cinematográficas.

Para os fãs dos mais corajosos e engraçados guerreiros dos quadrinhos, a notícia pode ter um lado bom diretamente proporcional a um lado ruim. 

Após o falecimento de seu parceiro Goscinny, que além de Asterix também criou outros personagens clássicos e muito populares, como o cowboy Lucky Luke (em parceria com o desenhista Morris) e do Grão-Vizir Iznogud (com Jean Tabary), Uderzo passou a dar continuidade aos álbuns sozinho.

Goscinny é normalmente associado à imagem de historiador devido a seu meticuloso trabalho de pesquisa predominante em seus roteiros, repletos de informações históricas, hábitos e costumes do universo que cercam suas criações. Na verdade, o roteirista francês começou a cursar Artes no Liceu Francês de Buenos Aires, cidade onde viveu por alguns anos. Com sua morte, Uderzo encarregou-se dos roteiros, além dos desenhos. 

O lado bom é que a série continuará a ser produzida, na nova editora, com histórias inéditas. 

O último trabalho inédito, assinado por Uderzo, saiu em 2005, “O Dia em que o Céu Caiu”. Apesar da arte sempre primorosa do desenhista, seus roteiros diferem um pouco dos textos de Goscinny. Enquanto os argumentos do roteirista original eram pautados por uma visão satírica do cotidiano francês (ou gaulês) na época da dominação romana (50 a.C.), quando a França ainda se chamava Gália, Uderzo passou a imprimir conotações políticas e críticas sociais nas aventuras já a partir da primeira história sob sua batuta, “O Grande Fosso” (1980). Apesar, também, dos trabalhos solo do desenhista manterem o mesmo bom humor de Goscinny, nenhum deles pode ser comparado com as brilhantes tiradas do roteirista criador de Asterix. 

Entramos aí no possível “lado ruim”... Sem Goscinny, ainda temos “meio” Asterix original, perpetuado até então por Uderzo. Agora a série continuará sem nenhum dos dois.
É difícil imaginar os irredutíveis gauleses surgindo de outra pena que não de seu desenhista original. 

Mesmo assim, o parceiro do falecido Goscinny declarou, segundo o semanário Livres Hebdo, no dia 9 de janeiro deste ano, que autoriza a continuidade das aventuras de Asterix na nova editora após a sua morte, mas disse que escolherá o novo desenhista do personagem, o que já é um alívio para os leitores do pequeno gaulês. Um alívio mesmo, pois outro personagem criado por Goscinny, Luky Luke, atualmente nas mãos da dupla Achdé e o humorista Laurent Gerra, após a morte do desenhista Morris, em 2001, não conseguiu repetir o mesmo sucesso que tinha nas mãos de seus criadores originais.

A briga continua

Do outro lado da polêmica está Sylvie Uderzo, a filha do desenhista das histórias de Asterix, que é contra as condições nas quais o grupo Hachette adquiriu o controle da Éditions Albert René,  afirmando que houve “uma manipulação destinada a mudar o curso natural das coisas”.

“Sou contra porque Asterix é o meu irmão de papel”, escreveu num artigo intitulado “Aos leitores de Asterix”, publicado no “Le Monde”. Sylvie Uderzo continua a ser proprietária de 40 por cento da Albert René.

“Estou a lutar contra os piores inimigos do Asterix: os homens da indústria e da finança. Aqueles que levaram o meu pai a renegar todos os valores com os quais ele me educou: a independência, a fraternidade, o convívio e a resistência”, disse Sylvie. “Não se trata de um conflito familiar, mas da história de uma manipulação destinada a mudar o curso natural da vida e da sobrevivência de uma obra artística”, revela a filha de Uderzo. “Lutarei não contra o meu pai, mas para preservar tudo o que o fez, tudo o que o animou: a sua obra imaginada em conjunto com René Goscinny”, esclareceu ainda. (AFP)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

CINEMA

HQ’s, storyboards, arte seqüencial, cinema: quadrinhos chegam à maturidade na telona

Por Erick Vizoki
Os efeitos especiais digitais atingiram um nível tal de perfeccionismo, que obras literárias que eram consideradas “inadaptáveis” para o cinema estão invadindo as salas escuras às pencas.
Há uma história em que os Beatles, em 1968, teriam procurado o cineasta Stanley Kubrick, então envolvido com a divulgação de “2001: Uma Odisséia no Espaço”, para propor a adaptação do livro “O Senhor dos Anéis”, lançado em 1955, para o cinema. Os próprios Fab Four fariam os papéis principais.
Reza a lenda que Kubrick teria recusado a proposta, alegando que “O Senhor dos Anéis” era “infilmável”. Outra versão dá conta de que os direitos para adaptação cinematográfica já tinham sido negociados.
Histórias à parte, o fato é que obras épicas e fantásticas estão chegando aos cinemas todos os anos com efeitos visuais de tirar o fôlego.
Outro exemplo de adaptação bem sucedida é “Harry Potter”. Sem os avanços tecnológicos da computação gráfica, provavelmente a saga do bruxinho seria uma produção medíocre.
Mas, fantasia por fantasia, um novo filão foi descoberto e está batendo recordes consecutivos de bilheteria: as HQ’s (Histórias em Quadrinhos). A Marvel Comics, por exemplo, criou uma divisão de cinema somente para adaptar seus clássicos personagens para a sétima arte.
De certo modo, as duas formas de arte têm muito em comum. No processo de produção de um filme, por exemplo, há um elemento essencial: o storyboard. O que é? Nada mais do que um roteiro ilustrado, uma espécie de HQ produzida por um profissional que desenha as cenas a partir do roteiro adaptado para uma melhor visualização de como ficariam as cenas finais, já filmadas.
As HQ’s são também chamadas de arte seqüencial, termo cunhado por um dos mais geniais quadrinistas de todos os tempos, Will Eisner. Esse termo bem poderia definir tecnicamente um filme de cinema. Afinal, um filme não passa de uma sequência de fotogramas que criam a ilusão de movimento, recurso muito usado nos quadrinhos, forma de arte, aliás, bem mais antiga que o cinema.


The Spirit

Pois bem, após esta breve introdução, falemos sobre duas novas produções cinematográficas baseadas em HQ’s, com estréias previstas para o primeiro semestre de 2009.
A primeira delas parece sugerir a fusão definitiva dessas duas formas de arte tão cultuadas. Trata-se da versão cinematográfica do clássico “The Spirit”, genial criação do já citado quadrinista norte-americano Will Eisner, falecido em 2005.
Assim como “O Senhor dos Anéis”, “The Spirit” não é de fácil adaptação. Mas, nesse caso, a dificuldade não está nos efeitos visuais, e sim na própria concepção do personagem e do universo a sua volta.
Eisner baseou sua criação nos cult movies dos anos 30 e no cinema expressionista alemão. Até aí, nada demais.
Acontece que “The Spirit” é um clássico absoluto no mundo das HQ’s e, para os quadrinhófilos de plantão, qualquer desvirtuamento na criação original pode ser considerado um sacrilégio ou um pecado mortal, o que seria suficiente para condenar à fogueira o responsável por tal heresia.
Para alívio dos fãs mais ortodoxos do justiceiro mascarado da fictícia Central City, justamente um dos mais cultuados quadrinistas da atualidade se encarregou da façanha: Frank Miller. Além de ter na bagagem diversos êxitos como a reformulação de personagens como o Demolidor e o Batman (a minissérie “O Cavaleiro das Trevas” serviu como referência ao longa de 2008 do Homem-Morcego) e a produção de obras já antológicas como “Ronin” e Grapihic Novels com o Demolidor e Elektra, Miller já teve obras suas adaptadas para o cinema com alto grau de fidelidade, caso das séries “300” e “Sin City”.
Aliás, o quadrinista norte-americano de 51 anos não é um novato em cinema.
Em 1990 foi o roteirista de “Robocop 2”. Acompanhou de perto a produção e filmagem de “300”, dirigido por Zack Snyder.
Finalmente, em 2005, co-dirigiu, ao lado dos pesos-pesados Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, a adaptação de sua “Sin City”.
Fã confesso de Will Eisner, a impressão que fica é de que Miller esteve se preparando todo esse tempo para assumir a direção de “The Spirit”, que também roteirizou, como uma espécie de estágio em cinema.
Assim, as duas artes finalmente se aproximam e se fundem. O visual gótico, expressionista e preto e branco dos quadrinhos de Will Eisner, um dos grandes mestres do claro-escuro, parece estar bem representado no filme dirigido pelo criador de “Elektra”. Pelo menos os trailers divulgados mostram isso.
Os efeitos e a fotografia lembram bastante “Sin City”, o filme. O personagem The Spirit (alter-ego do ex-policial Denny Colt, dado como morto) surge para o espectador quase em preto e branco, destacando-se sua gravata exageradamente vermelha.
As nuances de fotografia, os ângulos e os figurinos remetem quase com precisão à arte de Eisner. Apesar das semelhanças com “Sin City”, Frank Miller já declarou por diversas vezes que não queria comparações.
A estréia mundial, prevista para 6 de fevereiro, já causa bastante burburinho entre os fãs de Eisner e Miller.
Conseguirá o autor de “O Cavaleiro das Trevas” salvar tão esperada adaptação? Será ele condenado à fogueira? Não percam o próximo episódio...

Assita ao trailer de “The Spirit”


 


Watchmen 

O segundo título, “Watchmen”, com estréia prevista para 6 de março nos EUA, tem diversas coisas em comum com “The Spirit”.
O diretor Zack Snyder, responsável pela bela adaptação da HQ “300”, de Frank Miller, também parece ter se preocupado bastante com a fidelidade à minissérie criada pelo quadrinista-escritor inglês Alan Moore.
Este último, por sua vez, detém o status de maior roteirista de HQ’s da atualidade.
Seus trabalhos já se tornaram clássicos e alguns já tiveram suas versões cinematográficas, como “A Liga Extraordinária” e “V de Vingança”.
Moore, no entanto, nunca ficou muito satisfeito com os resultados finais dessas adaptações. Não é para menos.
A grande característica de Alan Moore é que, apesar dos contextos fantásticos de suas histórias, há um aprofundamento psicológico reservado aos seus personagens e o aspecto humano que envolve as tramas nos leva quase a acreditar que seus roteiros poderiam ser de fato acontecimentos reais. E é aí que produtores e diretores pisam na bola quando adaptam seus trabalhos para o cinema.
“V de Vingança” (a HQ), por exemplo, é uma história complexa, que envolve uma vasta gama de personagens totalmente diferentes uns dos outros, o que confere à obra um ar de novela. Aliás, boa parte do argumento foi baseado na clássica novela do escritor inglês George Orwell, “1984”.
“V de Vingança” nos apresenta um futuro próximo, sombrio, onde a Inglaterra, após um golpe de Estado, mergulha no mais completo fascismo.
Lá estão diversos elementos familiares da obra de Orwell: o “Líder” pode ser a versão do “Grande Irmão”; o controle absoluto da informação, as lavagens cerebrais, a proibição da prostituição e de oposições também fazem parte do mundo de “1984”. Só que na adaptação para o cinema, produzida pelos irmãos Andy e Larry Wachowski (responsáveis pela série Matrix) e dirigida por James McTeigue, esse humanismo foi para as cucuias.
Apesar de manterem o contexto original, várias personagens importantes na trama de Alan Moore desapareceram ou foram alterados em seus contextos originais, como Evey Hammond (interpretada por Nathalie Portman). Enquanto na HQ a garota é órfã e é salva logo no início da história pelo obscuro “V” enquanto tentava se prostituir para sobreviver, no filme ela é uma secretária e só vem a ter contato com o terrorista após um atentado à TV estatal inglesa.
Os cenários e o clima do filme também não são tão sombrios como na história desenhada por David Lloyd.
Portanto, haveria motivos de sobra para Moore rechaçar a idéia de mais uma adaptação de uma obra sua. A idéia de filmar "Watchmen" não é nova. O diretor Terry Gilliam (ex-Monty Python) chegou a procurar o autor, nos anos 80 (a HQ foi lançada originalmente em 1985) para propor sua adaptação. Moore disse que seria impossível: "Há coisas em 'Watchmen' que só funcionam nos quadrinhos".
Assim como em “The Spirit”, a responsabilidade em adaptar “Watchmen” é pesada. Para se ter uma idéia da importância dessa história escrita por Moore e desenhada por Dave Gibbons, basta lembrar que foi a única HQ presente na famosa lista dos 100 melhores romances eleitos pela revista Time desde 1923.
Além de vários prêmios Kirby e Eisner, também recebeu um Prêmio Hugo, voltado á literatura, sendo a única Graphic Novel a receber tal honraria.
Portanto, dá para imaginar a apreensão dos fãs de Moore e de sua aclamada minissérie.
A obra conta a história de um grupo de heróis mascarados surgido nos anos 40, que se intitulava “Minutemen” (Homens-Minuto, sempre prontos para o combate). No entanto, o autor mostra esses heróis como pessoas normais, com seus desvios de caráter, seus sonhos, desejos e fraquezas e nos apresenta sua visão de como seria o mundo se esses heróis mascarados, que se proliferam como baratas nas bancas de jornais, revistarias e livrarias, existissem de verdade.
Entre as possibilidades abordadas por Alan Moore, está a vitória dos norte-americanos na guerra do Vietnã, graças ao Dr. Manhattan e seus poderes.
A animação da Disney/Pixar, “Os Incríveis” (2004), pode ter baseado seu argumento no texto do roteirista inglês.
Como em “Watchmen”, à certa altura dos acontecimentos um decreto do governo põe fim às atividades dos justiceiros mascarados. Na HQ de Moore e Gibbons, porém, dois desses vigilantes continuam na ativa, trabalhando para o governo americano: o Comediante e Dr. Manhattan, este último com super poderes capazes de dizimar todos os heróis da Marvel e DC Comics juntos.   Um terceiro mascarado, o atormentado e sinistro Rorschach, continua agindo na marginalidade.
A trama inicia-se de fato quando o Comediante é assassinado e Rorschach passa a investigar o crime, isso já nos anos 80.
Pelos trailers já divulgados, parece que finalmente Alan Moore pode respirar aliviado. Algumas cenas lembram bastante a premiada minissérie e, a julgar por tais cenas, parece que o roteiro original também foi mantido. Se assim for, deverá ser um grande filme, tão grande quanto sua base de inspiração.
Além disso, o diretor Zack Snyder já tem bons antecedentes pela adaptação de “300”, de Frank Miller (que, alías, Moore não gostou).
Por fim, esperemos que essa união de talentos do cinema e das HQ’s produzam obras tão competentes quando algumas das grandes adaptações de obras literárias para a telona. E não se trata apenas de adaptações de histórias de super-heróis para puro entretenimento. “The Spirit” e “Watchmen” são obras-primas dos quadrinhos e portanto merecem tanto respeito como as principais grandes obras da literatura universal.

Assista ao trailer de “Watchmen”

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

QUANDO A GENTE ACHA QUE JÁ VIU DE TUDO...

Cadeira anfíbia passa no segundo teste na represa Guarapiranga

 Na foto, Ricardo Lippi (na cadeira anfíbia), Márcio Gurgel (conduzindo) e Cláudio Fontenelli (no bote). 


No dia 26/10/2008 os banhistas que freqüentavam pela manhã a represa do Guarapiranga, zona sul de São Paulo, foram surpreendidos por um grupo de amigos que parecia se divertir com um estranho aparelho. Depois, ficou-se sabendo, não se tratava de diversão, e sim de uma experiência. Criada pelo técnico Ricardo Lippi, a cadeira de rodas que flutua na água e pode enfrentar terrenos arenosos ou barrentos promete ser uma grande novidade para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. A engenhoca, que ainda não tem nome, está em fase de testes e a sua proposta é justamente superar alguns limites que as cadeiras de rodas convencionais possuem. Lippi informa que a idéia surgiu após uma conversa com um amigo de infância, morador do bairro de Campo Belo, como ele. O filho desse amigo depende do aparelho e, ao passear com a família no litoral paulista, o rapaz sentia-se frustrado por não poder apreciar o banho de mar como os demais. Assim, no intuito de ajudar, o técnico pôs o cérebro para funcionar e, com a ajuda de outro velho amigo, Claudio Stefoni, proprietário de uma fábrica de estruturas metálicas, e com cálculos de seu irmão Roberto Lippi, começaram a desenvolver o primeiro protótipo. Foram feitas várias cadeiras até se chegar a uma com tamanho e peso adequados. Um dos projetos foi doado ao menino que, ao ser questionado sobre a invenção, de pronto respondeu: “É bárbara, agora posso ir até a água. Se ela boiasse eu poderia ter o meu próprio barco e curtir pacas”. “Aquelas palavras fizeram todo o projeto parar, pois todos nós envolvidos nos olhamos e com uma sintonia incrível dissemos: ‘Cara é uma grande idéia’”, comenta o inventor. Segundo Lippi, a idéia perdurou por vários meses enquanto pesquisava se existia algo parecido. Não havia. Após novas mudanças, finalmente o projeto foi patenteado. O segundo passo foi produzir um novo protótipo, primeiramente de madeira, que se revelou eficiente. Em seguida, surgiu a proposta de uma carenagem de fibra de vidro, mas ainda era preciso alguém que executasse o trabalho de produção. “Foi quando recorremos ao técnico em fibra de vidro Márcio Gurgel, que adorou o projeto e se colocou a executá-lo, ficando responsável pelo design e fabricação do protótipo”, conta Ricardo Lippi.

Sucesso

O teste na represa de Guarapiranga foi o segundo. A primeira tentativa já tinha sido um sucesso. A cadeira se comportou como esperado. Foram realizados testes dentro de uma piscina e depois no mar. “Ela também se locomoveu com bastante facilidade nas areias da praia", comenta Lippi. Após os primeiros testes na água, alguns pequenos ajustes ainda foram feitos e uma nova carenagem, mais leve e funcional, foi desenvolvida por Gurgel. Para o novo experimento, os amigos Roberto Santificitur e Claudio Fontenelli acompanharam os testes com um bote inflável para o caso de algum eventual contratempo, o que não aconteceu. Eu mesmo quis experimentar o aparelho. De fato, a flutuação na represa mostrou-se estável e bastante relaxante e o trajeto nas margens lamacentas da Guarapiranga também foi transposto com facilidade. “A idéia central não é apenas criar um aparelho que possa trazer uma maior inclusão às pessoas que dependam de próteses ou cadeiras de rodas para aproveitarem banhos de mar, piscina ou represas, mas também pode ser um ótimo instrumento de inclusão em hotéis, resorts, pousadas etc”, lembra Márcio Gurgel, que se mostrou um dos mais animados com o êxito desta segunda tentativa. “Acho que já estamos bem próximos do modelo ideal, mas é preciso investimento, um problema crônico nosso", brinca Lippi, com uma ponta de frustração. Na verdade, os amigos já conseguiram o principal: criar um modelo inovador e único no mundo que permitirá uma maior inclusão social dos deficientes físicos ou de mobilidade reduzida. Agora falta um novo sócio que possa garantir o apoio financeiro para dar continuidade ao projeto, que já tem sua patente requerida. Quem se interessar em participar da empreitada, pode entrar em contato com Ricardo Lippi. Fones: (11) 5686-1169 / (11) 9619-5092. E-mails: lippiric@ig.com.br ou ricardo.lippi@itelefonica.com.br

MEDIA CRITICISM

KASSAB, REELEITO??? Vejam só como o erro jornalístico (talvez um erro induzido) pode manipular a história. Só que as assessorias de comunicação parecem não saber que nem todo profissional de jornais de bairro é burro ou desinformado. O release produzido e distribuído pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo anuncia o seguinte: "Com estas palavras, Gilberto Kassab, reeleito prefeito de São Paulo com quase quatro milhões de votos, discursou para uma platéia de aproximadamente 2.500 convidados, durante a solenidade de início da sua nova gestão". Se não for uma manobra para superestimar a vitória de Gilberto Kassab por parte de sua assessoria, é um erro crasso de informação. Gilberto Kassab não foi, de modo algum, reeleito. Na verdade, essa é sua primeira eleição para um cargo majoritário no Executivo. Sua administração anterior iniciou-se em 2006, quando o então prefeito José Serra, de quem Kassab era vice, afastou-se do cargo para concorrer às eleições estaduais, terminando vencedor do pleito. Em suma, Kassab não foi eleito nas eleições de 2004, e sim José Serra. Portanto, ele não pode ter sido reeleito nestas eleições de 2008. A assessoria vai mais longe: potencializa a incorreção da informação. "Kassab é o primeiro prefeito reeleito na história da Capital e segue no comando da cidade que detém o maior orçamento do País, com R$ 27,5 bilhões, até o fim de 2012". Gilberto Kassab não detém o status de primeiro prefeito reeleito na história da Capital. Mas isso pode ocorrer, e mais: sendo esta sua primeira eleição, ele poderá candidatar-se à reeleição em 2012 e, se ganhar e cumprir os dois mandatos de ponta a ponta, além de ser o primeiro prefeito reeleito da história de São Paulo, também será detentor da administração mais longeva. Somando-se aos oito anos de mandato como prefeito ELEITO os outros dois em que SUBSTITUIU José Serra, Kassab chefiaria o Executivo paulistano por DEZ ANOS, ou seja, a administração mais longa da história da Prefeitura de São Paulo. Sejamos um pouco mais honestos na informação... O homem já foi eleito mesmo! Nesse caso, o REELEITO, nesse texto, para mim soa como pós-campanha eleitoral, totalmente dispensável e desnecessária!

A polêmica dos Registros Precários

Em dezembro de 2005, quando eu ainda era editor do jornal Gazeta da Região, li um artigo do jornalista Eduardo Ribeiro no site Comunique-se, publicado em 31 de outubro daquele ano, que me deixou indignado. Intitulado "E agora, juíza? Quem paga o prejuízo?", o texto apresentava um inacreditável caráter reacionário. Antes deste, uma declaração do então presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do município do Rio de Janeiro, Aziz Filho, vociferava contra profissionais que atuavam na Imprensa sem diploma universitário e, trocando os pés pelas mãos, cantava vitória antes do tempo, conforme matéria divulgada pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em 26/10/2005. Inconformado, resolvi enviar um artigo para o site Observatório da Imprensa, o mais sério e independente no gênero jornalismo. Leiam o artigo no contexto original através do link abaixo: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/a-prepotencia-da-fenaj-e-o-codigo-de-etica/